terça-feira, 28 de maio de 2013

Entrevista: Caio Pontes Godoi

Caio Pontes Godoi, 23 anos, formou-se em junho de 2012 no curso de Engenharia Biotecnológica pela UNESP Assis, em que participou da Biotec Júnior por três anos e, depois, foi estagiar na P&G, com sede no Panamá, onde foi contratado e trabalha atualmente. Vamos conferir um pouco sobre sua trajetória:


Caio Godoi


Descomplicando: Fale um pouco sobre a sua formação. Por que você se interessou em se matricular no curso de biotecnologia?

Caio: Bom, eu sempre gostei muito de exatas. Pra ser sincero, biologia não era o meu forte. Por outro lado, sempre fiquei fascinado em filmes e seriados de ficção científica. Ainda na escola, eu soube do curso de biotecnologia que recém havia sido criado na UNESP e fiquei curioso sobre o que seria. No segundo colegial, comecei a ler mais sobre biotecnologia e como o curso integrava conhecimentos de biologia e exatas. Isso para mim foi a chave na hora de optar pelo curso. O que também ajudou muito é que, no segundo colegial, eu mesmo fui assistir uma aula do curso na UNESP Assis e conversei com alguns alunos. Com isso, decidi prestar e, se eu passasse, entraria pra ver se eu gostava. Entrei, gostei bastante e hoje estou formado!

D.: Você fez as matérias da grade de engenharia durante a graduação?

C.: Quando entrei, o curso ainda era biotecnologia. Eu, inclusive, participei de reuniões e da "luta" pela engenharia com o Felipe Delestro (Curió) e alguns outros alunos. Sempre achei importante essa transição do curso, especialmente pelas oportunidades que nos seriam abertas em empresas e indústrias. Fiz a engenharia através do currículo especial e sou muito contente com todo o trabalho que o departamento de ciências biológicas fez em conseguir nos incluir nessa, apesar de algumas dificuldades que todo curso novo enfrenta.

D.: As suas expectativas ao fazer o currículo especial da engenharia foram correspondidas?

C.: Acho que a resposta dessa pergunta depende um pouco da expectativa que se tem. Minha maior expectativa era sair formado com o título de engenheiro. Pensando nisso, sim, atendi às minhas expectativas. Eu, assim como muitos dos meus colegas, sabia que não seria perfeito (ideal). Éramos os primeiros cursando as novas matérias. Em muitas delas necessitávamos de mais estrutura, como laboratórios e visitas técnicas a indústrias e, em outras, para ser sincero, professores mais capacitados (muitos eram substitutos e não dominavam tão bem o conteúdo). Acredito que a engenharia funciona e que tivemos falhas por conta de tudo ser muito novo. Acredito que as novas gerações de alunos já enfrentam menos problemas e que será assim, sempre melhorando.

D.: Quando você se interessou em fazer parte da Biotec Júnior e qual foi sua trajetória como colaborador?

C.: Interessei-me desde o primeiro momento em que escutei falar dela! (Risos)

Lembro-me bem! Passaram na nossa sala avisando que haveria um processo seletivo. Eu ainda estava no primeiro ano e não pensei duas vezes em participar. Acreditava e, hoje, acho ainda mais que essa abordagem (empresa júnior) é essencial na formação acadêmica. O que eu aprendi está muito além do que se aprende em uma sala de aula. Mais até do que colocar o conhecimento em prática, eu aprendi a lidar e liderar pessoas, organizar eventos, ser organizado e responsável não só por mim, mas pelos outros.

Na empresa, comecei como vice-diretor de comunicação e marketing. No final da primeira gestão, justamente pelas questões de evolução do curso para engenharia, enfrentamos uma crise na empresa. Ela tinha sido recém formada e não éramos ainda muito organizados. Por esse contexto de "engenharia/não engenharia", a presidente em questão renunciou e ficamos um pouco perdidos no começo, afinal éramos novos. Decidimos que daríamos um jeito e tocaríamos a empresa pra frente. Juntamo-nos, como se fosse uma "task force" e conseguimos, mesmo no meio dessa confusão, organizar o primeiro encontro de empreendedorismo em biotecnologia. Ficamos muito felizes pelo sucesso que teve o evento!

No final do mesmo ano, me candidatei à presidência com o Curió de vice. Meu ano de presidência na empresa, acredito que tenha sido bom. Focamo-nos muito na parte organizacional. Criamos a estrutura da empresa com diretorias, departamentos, tipos específicos de reuniões, organizamos o estatuto, legalizamos a empresa, ou seja, demos cara de empresa à nossa organizações júnior.

No fim da gestão, cada departamento já tinha sua autonomia. De verdade, que fiquei muito orgulhoso com tudo que conseguimos fazer em um ano!

Depois, fui para o conselho gestor. Nesse ano, infelizmente, já não pude contribuir tanto com a empresa, porque estava em iniciação científica.

D.: Você participou de mais alguma atividade de extensão no campus?

C.: Ah, sim! Eu sempre fui o tipo de estudante que abraça o mundo! (Risos)

Estive na Biotec Júnior por três anos, estive no LAMEM também por três anos, incluindo iniciação científica FAPESP e também dei aula de física no cursinho da UNESP por três anos. Muitas vezes, essas três atividades aconteceram ao mesmo tempo. Era um pouco de “Deus nos acuda”, mas valeu à pena!

D.: Qual foi o seu primeiro emprego? Fazia o que almejava antes de se formar?

C.: Então, meu primeiro emprego foi ainda enquanto estava na graduação. Dava aula de física no colégio dos professores em Assis e de inglês na Fisk. Sempre gostei de ser professor! Acho que ainda hoje tenho o instinto de explicar demais as coisas! (Risos)

Acho que a universidade me propiciou ter oportunidades em todas as áreas que eu pensava em atuar: professor, pesquisador e empresário.

D.: Onde você trabalha hoje? O que faz? É uma profissão que você pretendeu seguir em algum momento na graduação?

C.: Fora da UNESP, já tinha tido experiência como professor e decidi que queria uma experiência em uma empresa "sênior". Foi quando soube do processo seletivo da P&G e apliquei. Consegui estágio por cinco meses aqui no Panamá ano passado. No estágio, consegui ser recomendado para contratação e aqui estou! Se você me perguntar se eu pensava que estaria trabalhando com o que trabalho hoje, eu responderia não. Mas acho que não estaria tão contente como estou se estivesse em outra profissão.

Hoje trabalho na P&G aqui do Panamá. É a sede regional da empresa na América Latina. Trabalho numa área que se chama CMK (consumer & market knowledge), que é mais ou menos inteligência de mercado. Trabalho com a marca Pampers. Não trabalho com biotecnologia, mas posso dizer que a Biotec Júnior me ajudou em uns 80% nessa decisão. Muitas das coisas que aprendi com a Biotec Júnior, eu aplico aqui. Conhecer a estrutura e como é trabalhar em empresa foi essencial para minha escolha.

D.: Há muita oportunidade para um engenheiro biotecnológico de se trabalhar no exterior?

C.: Poxa, muita! Só esse semestre, há três estagiários aqui na empresa que estudam biotecnologia: uma chilena, um mexicano e outra.

Acho que a oportunidade está aí sim! Vejo a P&G, por exemplo, sempre de portas abertas a novos talentos. Acredito que, com muitos alunos trabalhando e fazendo estágio fora, também ajudam a divulgar o curso e possibilitar mais oportunidades para outros.

D.: Você fez algum curso de especialização?

C.: Não, nenhum. Acho que isso depende muito do tipo de profissão que se vai seguir depois da faculdade. A P&G, por exemplo, é uma empresa que gosta de "formar" seus funcionários. Dentro da empresa, fiz diversos cursos, mas não os chamaria de especialização. Sai da faculdade e fui direto para a empresa.

D.: Muito obrigada pela excelente entrevista, Caio! Parabéns pelas conquistas e nós da Biotec Júnior desejamos muito sucesso a você! 

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