Uma
nova droga contra a esquizofrenia se mostrou mais eficaz ante os tratamentos
atuais, em pesquisa conjunta da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto),
da USP, e da Universidade de Alberta, no Canadá.
Os testes com a substância, o
nitroprussiato de sódio, resultaram em ação mais rápida, sem efeitos colaterais
e maior controle dos sintomas do transtorno mental. Os resultados foram
publicados on-line no periódico médico "JAMA
Psychiatry" .
A esquizofrenia, segundo estimativas da
OMS (Organização Mundial da Saúde), acomete 1% da população. Os principais
sintomas são desorganizações psíquicas, como delírios e alucinações, mas também
cognitivas --falta de atenção e redução no contato social, por exemplo.
De acordo com o professor da FMRP Jaime
Hallak, que coordenou os estudos, os medicamentos usados atualmente contra a
esquizofrenia mostram eficácia só em parte dos sintomas, como delírios e
alucinações. Nos demais sintomas, chamados de "negativos", como os
que atingem a cognição, os remédios atuais deixam a desejar. "Por isso,
boa parte dos pacientes não consegue retomar a vida normal."
Com o
uso do nitroprussiato de sódio, segundo Hallak, houve "melhora global e
muito rápida". As pesquisas começaram em 2000, primeiro com animais, e
evoluíram para testes com humanos nos últimos cinco anos.
DESCOBERTAS
As drogas atuais contra a esquizofrenia
agem bloqueando um receptor cerebral da dopamina, um tipo de neurotransmissor
--substância química que é produzida pelos neurônios.
Vários estudos, segundo ele, conseguiram
identificar que, em pessoas com esquizofrenia, existe diminuição na função de
um receptor cerebral chamado de NMDA (N-Metil D-Aspartato).
Uma das funções desse receptor no cérebro
é produzir óxido nítrico. "Se você tem uma diminuição na função dele
[NMDA], é lógico imaginar que há uma diminuição na produção de óxido
nítrico", afirma o professor.
Estudos já vinham tentando, com o uso de
diferentes drogas, melhorar a função do NMDA, mas sem eficácia.
O nitroprussiato produz o óxido nítrico,
componente que dá mais "elasticidade" aos vasos sanguíneos. "Em
vez de o receptor [NMDA] oferecer o óxido nítrico, nós fomos atrás de um
medicamento que faz isso."
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