quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Como o DNA pode melhorar a qualidade dos alimentos?


O DNA (ácido desoxirribonucléico) é uma molécula em forma de dupla hélice, como se fosse uma longa escada retorcida, localizada no núcleo das células. Nele estão contidos os genes, sequências de DNA que guardam todas as informações referentes à vida de qualquer organismo e que são também responsáveis pela produção das proteínas, que por sua vez, conferem a estrutura e o funcionamento a todos os seres vivos, desde os mais simples, como as bactérias, até os mais complexos, como o homem. 

A partir da década de 70, com o desenvolvimento da Biotecnologia moderna (Engenharia genética ou Tecnologia do DNA recombinante) aprimoraram-se as técnicas que possibilitaram a manipulação da estrutura do DNA, permitindo que genes de um organismo fossem retirados e inseridos num segundo organismo completamente diferente. Nasciam então, os organismos geneticamente modificados (OGMs) ou, simplesmente, Transgênicos. Abriu-se um leque enorme de aplicações para essa tecnologia: cura de doenças genéticas, produção de vacinas mais sofisticadas e fábricas biológicas para a produção de moléculas de interesse comercial.

O avanço de técnicas de Engenharia genética e a descoberta de que a Agrobacterium tumefaciens, uma bactéria presente no solo, é capaz de transferir segmentos de seu próprio DNA para certas plantas, possibilitaram a utilização desse microrganismo para inserir nos vegetais genes responsáveis por características desejáveis, como a resistência a doenças e pragas. A partir disso, a aplicação desse mecanismo tornou-se cada vez mais comum na agricultura, o que possibilitou adaptar os cultivos ao tipo de ambiente, às necessidades socioeconômicas, aos interesses do agricultor,e até mesmo à valorização e aprimoramento nutricional dos alimentos.

Ainda, as plantas que receberam genes da bactéria Bt (Bacillus thuringiensis) tornaram-se capazes de produzir toxinas letais a determinados tipos de insetos, mas inofensivas ao ser humano e a outros animais. Dessa forma, a utilização da Biotecnologia tornou-se, para os agricultores, uma maneira de aumentar a produtividade da lavoura, além de reduzir consideravelmente os custos de produção.Hoje já existem, no Brasil e no mundo, espécies biotecnologicamente cultivadas para aumentar a qualidade de alguns alimentos. Há determinadas variedades de soja e girassol, que, por sua maior quantidade de óleos insaturados (ácido oléico), são mais indicados para pessoas propensas a problemas cardiovasculares.

Já o tomate, melhorado para resistir ao transporte, pode ainda ganhar em peso e sabor, além de permanecer firme por mais tempo. No caso do milho e do algodão, cultivam-se variedades resistentes a pragas, o que reduz o uso de inseticidas. Ainda uma nova variedade de arroz recebeu genes da planta narciso (Narcissus pseudonarcissus) e da bactéria Erwinia uredovora, resultando no arroz dourado (golden rice), rico em betacaroteno, o agente precursor da vitamina A, importante na prevenção da cegueira noturna e no combate à desnutrição.

Apresentando grande potencial para a produção de alimentos com melhores propriedades nutricionais e funcionais, a Biotecnologia permite ainda uma maior proteção ambiental, na medida em que reduz o uso de defensivos e possibilita aumentar a produtividade das lavouras  de maneira que o agricultor produza mais em menos espaço e evite a abertura de novas áreas de cultivo, o que, por sua vez reduz o desmatamento.

Hércules Antonio Ferrarezi Gonçalves

Nenhum comentário:

Postar um comentário