As moscas tsé-tsé, que
provocam a chamada doença do sono nos humanos, dificultam o crescimento dos
bovinos, bem como a criação e afetam a produtividade do leite, entre outros
inconvenientes, através de uma doença chamada nagana.
Foi
isolado um componente que mantinha as moscas afastadas dos antílopes aquáticos.
O colar bovino, que pode ser confundido com um badalo, exala o mau cheiro dos
antílopes aquáticos graças a uma mistura artificial intragável de cinco
substâncias químicas encontradas no mercado. "Se
a vaca usa o colar, é como se vestisse a pele de um antílope aquático, e as
moscas não a atacam", explica Christian Borgemeister, diretor-geral do
Centro Internacional de Fisiologia de Insetos e Ecologia (ICIPE), encarregado
do projeto.
"A verdade é que o cheiro é horroroso", reconhece o
cientista, que realiza análises mensais das cabeças de gado que fazem parte
deste programa, financiado pela União Europeia com 1,5 milhão de euros. O
raio de ação do perfume espanta-moscas é de entre 50 e 100 metros ao redor do
colar, segundo as estimativas do cientista chefe do ICIPE, Rajinder Kumar,
embora os responsáveis do projeto recomendem que cada animal tenha o seu.
"Antes do programa, as vacas morriam habitualmente.
Comprava remédios e sprays para afugentar as moscas, mas meu gado continuava
morrendo. Agora isso acabou", contou à Agência Efe Esther Mulinge, que tem
45 anos e dez vacas
O efeito -
afirmam os beneficiados - é logo notado: ao pastar sem perturbações, os animais
podem alcançar até 350 quilos, contra os 250 de antes de iniciar os testes com
os colares, e, por isso, seu preço de venda chega a 42 mil xelins - antes não
passava de 28 mil. "Agora consigo quatro litros de leite de cada vaca
por dia. Antes? Uma xícara", relata um fazendeiro, ressaltando que não
costuma sacrificar os animais para obter carne, mas opta por comprá-los jovens
e criá-los para aumentar seu valor no mercado com a passagem dos anos.
Os colares protegem ainda os criadores de gado quando
estão perto dos ruminantes que os usam e, para reduzir o número de moscas no
ambiente, os cientistas também desenvolveram as chamadas "vacas
artificiais": barracas com lonas na cor azul - que atrai os insetos -
borrifadas com a substância repelente.
E embora a queda da nagana entre as vacas com colar seja
de 90%, os cientistas, embora otimistas, ainda não sabem como funcionará em
áreas castigadas por outras variedades da mosca tsé-tsé.
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