A pele e o fígado geralmente se regeneram
com facilidade, mas o coração raramente se recupera bem, fazendo com que
doenças cardíacas sejam a principal causa de morte no mundo. Agora, uma
pesquisa publicada em 5 de agosto eleva as esperanças para terapias
gênicas, mostrando que células do músculo cardíaco diferenciadas a
partir de células-tronco embrionárias humanas podem se integrar ao
músculo cardíaco existente.
“O que fizemos foi provar que essas
células desempenham a mesma função dos músculos cardíacos funcionais:
batem em sincronia com outras partes do coração”, explica Chuck Murry,
biólogo cardiovascular da University of Washington, em Seattle, que
coliderou a pesquisa.
É difícil avaliar terapias gênicas em
modelos animais porque células humanas não conseguem acompanhar a
frequência cardíaca de alguns pequenos roedores: cardiomiócitos
derivados de células-tronco embrionárias (CTEs) humanas normalmente
batem menos de 150 vezes por minuto. Estímulos elétricos externos podem
aumentar essa frequência, mas apenas até 240 batidas por minuto,
ressalta Michael LaFlamme, outro colíder do projeto, também biólogo
cardiovascular da University of Washington. Já a frequência cardíaca de
ratos e camundongos é por volta de 400 a 600 batidas por minuto,
respectivamente.
Porquinhos-da-índia, no entanto, têm uma
frequência cardíaca que fica entre 200 e 250 batidas por minuto, perto
do limite dos cardiomiócitos humanos. Após encontrar maneiras de
suprimir o sistema imune dos porquinhos-da-índia para que eles
aceitassem células humanas, Murry, LaFlamme e seus companheiros
começaram experimentos com transplantes. Eles divisaram também uma
maneira de tornar prática a avaliação da atividade elétrica: usando
tecnologias recentes de engenharia genética, inseriram um gene “sensor”
nas CTEs humanas para que os cardiomiócitos derivados delas brilhassem
ao se contrair.
Desde o primeiro experimento com sensor em
porquinhos-da-índia, ficou óbvio que as células transplantadas estavam
batendo no mesmo ritmo do coração, declara LaFlamme. Quando observou a
cavidade peitoral, o coração “estava brilhando para nós”, completa ele.
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