Há muito tempo, médicos e pesquisadores vem observando as diversas formas de câncer a fim de melhor diagnosticar, tratar e entender a origem e o motivo por trás do desenvolvimento dessa enorme variedade de expressão da doença. Sabe-se, portanto, que as células tumorais são os principais atores do câncer, porém os coadjuvantes, que são células normais que podem beneficiar o desenvolvimento do tumor, começam a ganhar atenção ultimamente, a fim de entender por que os tumores evoluem de modo diferente ou por que os tratamentos funcionam de modo distinto nas pessoas.
Equipes da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital A. C. Camargo estão verificando que células de suporte de vários tecidos, conhecidas como fibroblastos, podem ser encontradas no microambiente tumoral e produzir fatores que favorecem o crescimento dos tumores. Em um dos experimentos realizados, as pesquisadoras da USP Maria Mitzi Brentani e Maria Aparecida avaliaram o perfil de expressão gênica por meio da cultura de células cancerosas e fibroblastos obtidos de um tumor mamário e linfonodo comprometido pela doença. Foi observada uma influência recíproca entre as células, que resulta na alteração da expressão gênica tanto de fibroblastos quanto de células cancerosas. Além disso, verificaram que os fibroblastos aumentam a proliferação e a invasividade das células do câncer de mama.
Em outra linha de pesquisa, investigam por que o câncer de mama, doença que se manifesta principalmente em mulheres idosas - uma vez que é resultado do acúmulo de mutações genéticas que fazem as células se proliferaram sem controle -, pode em certos casos se apresentar em mulheres jovens. "Estamos examinando as mutações e o perfil molecular do tumor, para ver se ele tem alguma característica que o diferencia e ajude a explicar seu surgimento mais cedo", comenta Maria Aparecida. Em uma extensão do estudo e em conjunto com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ela está tentando identificar se hábitos, fatores ambientais e mutações somáticas (encontradas somente no tumor e não hereditárias) poderiam ser outros fatores implicados no desenvolvimento da doença em jovens.
Outro braço da pesquisa tenta avaliar os efeitos hormonais no câncer de mama, já que os hormônios sexuais, como estrógeno e progesterona, estimulam a proliferação das células mamárias, podendo então agir como promotores desse tumor.
Para maiores detalhes e informações sobre as linhas de estudo das pesquisadoras, acesse a notícia na Revista Pesquisa Fapesp.
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