quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lixo que vira ouro - UFRJ transforma o bagaço de cana em fibra de carbono


Principal resíduo do agronegócio brasileiro, o bagaço de cana muitas vezes é queimado nas próprias usinas para a geração de energia, porém esse destino não consegue absorver toda a quantidade de resíduo produzido.  Caso armazenado incorretamente, o bagaço pode se tornar um sério fator de poluição ambiental.

Com a intenção de dar um destino mais nobre ao “lixo”, cientistas brasileiros desenvolveram uma maneira de transformar os resíduos da cana em fibra de carbono. Essa fibra é um material leve, resistente, que não é fabricado no país e que é muito valorizado no mercado, com preços que podem variar entre US$ 25 e US$ 125 por kg.

"Não é como transformar garrafa pet em tapete ou em árvore de Natal. É uma reciclagem com alto valor agregado, que pode gerar boas oportunidades, porque o Brasil ainda não tem produção industrial de fibra de carbono", diz Veronica Calado, coordenadora do trabalho e também do Núcleo de Biocombustíveis, de Petróleo e de seus Derivados da UFRJ.

O processo ocorre da seguinte forma: do bagaço é extraída a lignina (substância que confere suporte estrutural às células da planta) que dá origem a um “xarope”. Esse material é processado e recebe aditivos que alteram a sua estrutura, aumentando o teor de carbono, transformando-o em fibra de carbono, que é laminada para que esteja pronta para o mercado.

Atualmente, a principal maneira de obter a fibra de carbono é derivá-la do petróleo, portanto, segundo Verônica da UFRJ, obtê-la através do reaproveitamento da cana diminuirá a dependência do petróleo para mais um uso, além de baratear o preço final da fibra.

Apesar de existirem outras iniciativas para esse processo que também estão em fase experimental, o grupo brasileiro conseguiu realizá-lo com menos aditivos o que resultou em um “extrato” de lignina mais puro e com maior potencial de transformação.

O trabalho carioca ainda está restrito aos laboratórios, mas a técnica já se mostrou funcional. Agora, os cientistas estudam a melhor maneira de patentear o projeto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário