Experimento feito com bactérias indica um possível caminho para o desenvolvimento de terapias genéticas para doenças que atingem humanos
Uma nova tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos permite editar o DNA em seres vivos, alterando o genoma das células sem danos ao organismo. A tecnologia, que pode ser usada para reescrever o código genético de um ser vivo, foi realizada em conjunto pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e pela Universidade de Harvard, e obteve sucesso em linhagens da bactéria Escherichia coli, podendo abrir caminho para uma série de novos experimentos.
Sabe-se que a parte funcional do DNA é formada por longas cadeias onde se alternam quatro bases nitrogenadas, representadas por A,T, C e G. A combinação dessas diferentes letras é como uma receita que a célula segue na hora de produzir uma proteína. Cada sequência diz ao corpo que ele deve unir aminoácidos específicos que, juntos, formam uma proteína. Essa receita funciona com trechos de 3 letras, os códons, e há, ao todo, 64 códons. Embora a maioria dos códons represente aminoácidos, alguns são responsáveis por dizer à célula para parar de adicionar aminoácidos na cadeia de proteína.
O que os pesquisadores de MIT e de Harvard fizeram foi focar os esforços em um desses códons de “parada”. Ele consiste nas letras TAG. No DNA da Escherichia coli, essa sequencia TAG se repete apenas 314 vezes, o que a torna essa bactéria uma boa cobaia para testes de substituições.
Primeiro, os cientistas usaram uma tecnologia que permite localizar sequencias de DNA específicas e as substituir por outra sequencia. Isso é feito no momento em que a célula duplica seu DNA para reprodução. No caso, eles substituíram o códon TAG por outro, o TAA.
Eles criaram 32 linhagens de Escherichia coli, cada uma com 10 sequências TAG já substituídas por TAA. Para chegar às 314 substituições, eles desenvolveram uma técnica que os permite controlar o processo que as bactérias usam para trocar material genético, na qual uma bactéria constrói uma extensão sua até sua célula vizinha e passa parte do material genético. No caso, a linhagem modificada passa o códon TAA.
Uma vez que a etapa de substituição estiver concluída, a equipe pode partir para o próximo passo, que é pensar em criar células capazes de produzir uma nova proteína. A técnica também permite que as bactérias criadas em laboratório tenham algum tipo de mecanismo que as impeça de trocar material genético com as bactérias comuns.
No momento, os pesquisadores estão a caminho de produzir uma linhagem com todas as 314 substituições. Uma das partes mais importantes do trabalho é o fato de a substituição ter sido feita em células vivas, que continuaram funcionando e se reproduzindo normalmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário