Experimento com células-tronco identifica mecanismo de perda e ganho de material genético
O neurocientista brasileiro Stevens Rehen deu mais um passo para desvendar as causas de um fenômeno celular intrigante que ele próprio identificou dez anos atrás e que contribui para tornar o cérebro de cada pessoa diferente do de todas as outras. Nesta pesquisa, publicada no dia 7 de junho na revista PLoSone, ele mostrou que cada cérebro é um mosaico de células, tornando cada cérebro único; isso ocorre pois os neurônios ganham ou perdem material cromossomico.
Rehen, em suas pesquisas com roedores, verificou que duas em cada três células cerebrais possuia material genético totalmente diferente do esperado, apresentando sempre cromossomos a mais ou a menos, fênomeno esse chamado de aneuploidia. E que essas células com diferentes materiais cromossômicos não eram descartados, mas continuavam com as demais células cerebrais, exercendo suas funções.
Para entender o que causava essa aneuploidia, Rehen e seu grupo de pesquisadores da UFRJ refizeram os testes anteriores, mas usando células cultivadas de camundongo. Na mesma instituição, a pesquisadora biomédica Rafaela Sartore utilizou células-tronco embrionárias e as células-tronco pluripotentes induzidas, que foram desdiferenciadas a células tronco, de modo que poderiam dar origem a neurônios que seriam utilizados no estudo.
Rafaela e Rehen verificaram que essa mudança na quantidade de cromossomos das células era causado porque, no momento da divisão das células havia um decréscimo na quantidade de uma substância no cérebro chamada de survivina, o que causa um aumento na possibilidade de migração inadequada dos cromossomos durante a divisão celular. A falta de survivina, apesar de causar essas diferenças, possibilita uma divisão mais acelerada das células e torna cada cérebro único.
Ainda não se sabe se essas diferenças são maléficas, benéficas ou neutras; mas sabe-se que, por causa disso, o desenvolvimento de um tratamento para Alzheimer ou Parkinson pode se tornar mais difícil, pois essas doenças podem estar ligadas a determinadas quantidades de certos cromossomos presente no cérebro.
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Veja o artigo na íntegra em: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=71587&bd=2&pg=1&lg=
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