A tecnologia consiste no uso de marcadores moleculares, isto é, variações na sequência de DNA que permitem diferenciar os indivíduos de uma espécie e identificar os animais com predisposição genética para ter a carne mais macia.
A importância dos resultados
dessa pesquisa para a pecuária nacional é consequência de um estudo
anterior realizado com a raça canchim. Tal raça foi desenvolvida na
década de 1940, a partir de uma raça de origem francesa e outra de gado
zebuíno. Essa mistura de raças teve como objetivo reunir qualidades como
a rusticidade e a capacidade de adaptação às condições tropicais
brasileiras. O interesse em localizar os genes que contribuem para as
diferenças na produção e qualidade da carne de bovinos é o motivo que
explica o uso de marcadores moleculares, os quais nem sempre
produzem diferenças visíveis entre os indivíduos, mas podem ajudar a
localizar regiões do genoma que produzem tais diferenças. Durante esses
estudos realizados com o gado canchim, foi possível coletar informações
sobre a espessura de gordura subcutânea (EGS), cuja importância está
ligada ao melhor desempenho econômico da raça, pois ajuda na proteção da
carne durante o armazenamento sob refrigeração.
Dessa
forma, o grupo resolveu procurar variações no gene DDEF1, responsável
pela presença da proteína DDEF1, que está envolvida na capacidade do
animal em produzir e armazenar gordura corporal. O maior conhecimento a
respeito do gene possibilitaria saber qual o tipo de relação entre as
variações do gene e a quantidade de gordura subcutânea no canchim.Para identificar as associações entre os marcadores e as características de interesse é necessário ter informações fenotípicas, como a EGS e a área do olho do lombo, a AOL (seção do músculo traseiro correspondente ao contrafilé). Essa área é usada como uma medida relacionada com a produção de carne do animal. Assim, pesquisadores submeteram os dados a modelos matemáticos que permitem incluir os efeitos ambientais e genéticos relacionados às características de produção e, dessa maneira, com o avanço das metodologias de análise de marcadores, será possível predizer um valor genômico para cada animal, o qual indicaria com maior precisão a influência dos genes nas características de tais animais.
Com base nesses estudos, foi possível formar uma rede de pesquisa, na qual os pesquisadores avaliam a variabilidade genética de animais da raça nelore para a conseqüente avaliação da qualidade e eficiência na transformação de alimentos em carne, seu temperamento, entre outras características. No decorrer das análises, foi descoberta uma associação entre a variante associada à maior área do olho do lombo e a maior maciez da carne. Logo, a seleção do nelore com base nessa variação deve aumentar a musculosidade e a maciez da carne, trazendo nao só benefícios econômicos, mas também a necessidade de uma menor área de produção, menor emissão de gases de efeito estufa, já que são animais mais eficientes, entre outros. A próxima etapa do grupo de pesquisa é encontrar potenciais parceiros que sejam capazes de comercializar a tecnologia, já que esta ainda não se encontra disponível para produtores.
Para ler a reportagem na íntegra, acesse: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4328&bd=1&pg=1&lg=
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp - Janeiro/2011 - n°179
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