quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Déficit precoce


Pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP) descobriram, em 2004, a causa de uma forma atípica de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Batizada de ELA do tipo 8, a doença é causada por uma mutação no gene VAP-B presente no cromossomo 20 e provoca a morte dos neurônios motores, tornando os músculos dos pacientes rígidos e frágeis. Esta doença se manifesta por volta dos 40 anos de idade do paciente e, após o aparecimento dos primeiros sintomas, sua sobrevida varia de 5 a 25 anos.
Esse mesmo grupo de pesquisadores da USP, em colaboração com pesquisadores brasileiros e estrangeiros de centro de estudos norte-americanos, gerou neurônios motores de pacientes de ELA8 e constatou que os níveis da proteína VAP-B, produzida pelo gene de mesmo nome, se encontram mais reduzidos nesse tipo de célula. Os neurônios motores foram derivados in vitro de células-tronco de pluripotência induzida (iPSC) que foram geradas a partir de um tipo de fibroblastos, células da pele, de pacientes com a doença.

Esta etapa da pesquisa foi realizada no laboratório do brasileiro Alysson Muotri, na Universidade da Califórnia, em San Diego (UCSD). “Como geramos iPSC a partir de um modelo genético de ELA, pudemos seguir o comportamento do gene relacionado à doença”, afirma Muotri.
Segundo Miguel Mitne-Neto, outro pesquisador envolvido, antes mesmo de se diferenciar em neurônios, as células-tronco de pluripotência induzida dos doentes já apresentavam níveis até 50% menores do que o normal da proteína.
Estes cientistas vêm trabalhando com a hipótese de que os organismos dos pacientes consigam funcionar normalmente por um tempo, apesar de apresentar um déficit precoce na produção da proteína VAP-B, e que, por algum motivo, após a quarta década de vida seus neurônios motores começam a morrer e a falta da proteína se torna fatal. Para eles, a tecnologia das iPSC pode ser importante para gerar modelos in vitro desse tipo de esclerose e, assim, descobrir um meio de intervir nesse processo neurodegenerativo.

Para mais informações, acesse a notícia na íntegra em: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/index.php?art=71596&bd=2&pg=1&lg=

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