terça-feira, 31 de julho de 2012

Vaca clonada na Argentina começa a produzir leite similar ao materno

As fontes dessa vitamina na alimentação são basicamente ovos, peixes, óleos de peixes, gordura de leite e alimentos fortificados
Uma vaca clonada por cientistas argentinos com genes bovinos e humanos começou a produzir leite similar ao materno como forma de contribuir na luta contra a mortalidade infantil, informou dia 11 de junho, segunda-feira, a universidade responsável pelos estudos.


Pesquisadores da Universidade Nacional de San Martín (Unsam) e do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) inseriram dois genes humanos codificadores de duas proteínas presentes no leite humano em "Issa", uma vaca clonada no ano passado.


As proteínas são lactoferrina e a lisozima, incorporadas no DNA da vaca, também conhecida como "Rosinha". "Esta é uma maneira de contribuir com a luta contra a mortalidade infantil, já que uma proteína permite evitar doenças infecciosas do aparelho digestivo e evitar anemia nos recém-nascidos", explicou o reitor da Unsam, Carlos Rota.


De acordo com o investigador Germán Kaiser, do Grupo de Biotecnologia da Reprodução do INTA, a pesquisa não pretende substituir o vínculo mãe-filho durante a lactação, mas é destinada aos bebês que, por distintas razões, não têm acesso ao leite de suas mães, acrescentou.


Os cientistas conseguiram assim incluir na vaca transgênica dois genes humanos no genoma bovino, o que permitiu que as duas proteínas estivessem presentes na glândula mamária durante a amamentação, indicou a universidade.


"Issa", nascida em abril de 2011 no INTA, foi apresentada em junho do ano passado pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Na ocasião, Cristina garantiu que a vaca se transformaria na "primeira no mundo capaz de produzir leite materno".


Argentina entrou no clube da clonagem destinada a criar vacas transgênicas com fins medicinais em agosto de 2002, com o nascimento de "Pampa", fruto de uma clonagem realizada por analistas do laboratório local Bio Sidus com o intuito de obter leite bovino com a proteína de crescimento humano "hGH".


Os descendentes de "Pampa", a primeira bezerra clonada na América Latina, produzem leite do qual é extraída essa proteína para produzir remédios para crianças com problemas de crescimento com menor custo.
Nos últimos anos, cientistas argentinos clonaram cavalos e touros a fim de obter exemplares de melhor rendimento.


Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/ciencia/noticias/vaca-clonada-comeca-a-produzir-leite-similar-ao-materno

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Medicamento restaura a visão de ratos


As descobertas de cientistas americanos publicadas nessa última semana no periódico científico Neuron trazem uma nova esperança para o tratamento de duas formas comuns de cegueira: a degeneração macular e a retinite pigmentosa.

O medicamento desenvolvido na pesquisa, de nome AAQ, tem o poder de reativar as células mortas da retina. Pequenas injeções intra-oculares de AAQ restauram o reflexo pupilar à luz, amplificando as respostas das células ganglionares, além de prolongarem a sensibilidade de vários tipos de neurônios da retina. Funcionando de maneira semelhante à anestesia local, a molécula do medicamento, fotossensível, se fixa em canais iônicos e responde à presença de luz. 

Sem a necessidade de intervenção cirúrgica, é uma forma mais simples de tratamento. A fotossensibilização ocorre rapidamente e não requer modificação genética. “Chegamos a um produto simples, o que significa que você pode mudar a dosagem, usar em combinação com outras terapias, ou pode interromper se não gostar dos resultados”, explica Richard Kramer, professor de biologia molecular e celular da UC Berkeley. O surgimento do fármaco pode ser uma alternativa aos implantes de microchips e aos transplantes de células-tronco, apesar de o estudo em ratos mostrar que o tratamento não é permanente.

Não se sabe ao certo o quanto a visão dos ratos foi restaurada, porém a pesquisa comprova que o medicamento faz efeito quando a pupila dos animais que passaram pelo tratamento reage à presença de luz forte, enquanto a dos ratos sem tratamento não apresentou respostas.


No vídeo abaixo, pode-se comparar a reação das pupilas dos ratos com tratamento (à direita) e sem tratamento (à esquerda).

 


Fonte: Veja

domingo, 29 de julho de 2012

Água-viva artificial construída a partir de células de ratos.


Bioengenheiros criaram uma água-viva artificial utilizando-se de silicone e células musculares provenientes de corações de ratos. A criatura sintética, apelidada de Medusoid(o que em português seria: Medusóide), assemelha-se a uma flor de 8 pétalas que, quando submetida a um campo elétrico pulsa e nada exatamente como uma água-viva real.


“Morfológicamente nós temos uma água-viva. Funcionalmente nós temos uma água-viva. Geneticamente esta coisa é um rato.” Diz Kit Parker, um biofísico da Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, que liderou o trabalho.

O laboratório de Parker trabalha na criação de modelos artificiais de tecidos cardíacos humanos para regeneração de órgãos e testes de drogas, e sua equipe construiu a Medusoid como uma maneira de compreenderem “as leis fundamentais de pulsos(bombeamento) musculares”. Isso é uma aproximação da engenharia com a ciência básica: provar o que você identificou com os principios certos através da construção de algo com a utilização destes.

Em 2007, Parker estava à procura de novas maneiras de estudar as pulsações musculares quando visitou o New England Aquarium em Boston, Massachusetts. "Eu vi a água-viva se exibir, e isso me deu uma idéia instantaneamente," ele disse. "Eu pensei: Eu sei que sou capaz de construir aquilo.". Para realizar isto, ele recrutou John Dabiri, um bioengenheiro que estudou propulsão biológica na California Institute of Technology(Caltech) em Pesadena. "Eu o agarrei e disse: 'John, eu acho que posso construir uma água-viva. ' Ele não sabia quem eu era, mas eu estava muito animado e agitando os braços, e acho que ele estava com medo de dizer não."

Janna Nawroth, uma estudante de graduação de Caltech que realizou a maioria dos experimentos, iniciou o processo pelo mapeamento de cada célula do corpo das juvenis Medusa-da-lua(Aurelia aurita) para entender como elas nadavam. Seu corpo em forma de sino consiste de uma única camada de músculos, com fibras que são fortemente alinhados em torno de um anel central e ao longo de oito raios.
Para fazer as batidas do corpo para baixo, sinais elétricos se propagam através do músculo em uma onda suave "Como quando você atira uma pedra na água", diz Parker. "É exatamente o que você vê no coração. Minha aposta é que para obter uma pulsação muscular, a atividade elétrica tem que se espalha como a parte de frente de uma onda."

Forma e Função

Nawroth criou uma estrutura com as mesmas propriedades de crescimento de uma única camada de músculo cardíaco de rato em uma folha padronizada de polidimetilsiloxano. Quando um campo elétrico é aplicado em toda a estrutura, o músculo contrai rapidamente, comprimindo o Medusóide e imitando curso uma água-viva. O silicone elástico, em seguida, puxa a parte de trás Medusóide à sua forma original plana, pronto para o curso seguinte.

Quando colocado entre dois eletrodos na água, o Medusóide nadava como uma água-viva real. Ele ainda produziu correntes de água semelhantes a aquelas que levam as partículas de alimento na boca água-viva. "Nós pensamos que, se somos realmente bons nisso, vamos recriar esse vórtice; E nós o fizemos", diz Parker. "Pegamos um rato separado e o reconstruimos como uma água-viva."

"Eu acho isso é ótimo", diz Joseph Vacanti, um engenheiro de tecidos no Massachusetts General Hospital em Boston. "É uma demonstração poderosa de sistemas de engenharia de quiméricos de componentes vivos e não vivos."

Parker diz que sua equipe está levando a biologia sintética para um novo nível. "Normalmente, quando falamos de formas sintéticas de vida, compreende-se que alguém vai pegar uma célula viva e colocar novos genes dentro. Nós construímos um animal. Não se trata apenas de genes, mas sim sobre a morfologia e função. "

A equipe agora planeja construir uma Medusóide usando células cardíacas humanas. Os pesquisadores entraram com pedido de patente para usar seu design, ou algo similar, como uma plataforma para testar drogas. "Você tem uma droga para coração?", Diz Parker. "Deixe-me colocá-la em minha água-viva, e eu vou te dizer se ela pode melhorar o bombeamento cardíaco."




sábado, 28 de julho de 2012

Cientistas querem associar fabricação de bioplásticos à cadeia de produção do etanol

Um dos temas discutidos no workshop “Produção Sustentável de Biopolímeros e Outros Produtos de Base Biológica” (Sustainable Production of Biopolymers and Other Biobased Products), realizado na sede da FAPESP nesta quarta-feira, 25, foi a associação da cadeia produtiva do etanol a fabricação de polihidroxialcanoato (PHA), um plástico biodegradável que pode ser produzido por bactérias a partir do bagaço da planta. A síntese do PHA seria uma alternativa de utilização para os subprodutos e resíduos da cana-de-açúcar.

Quando o bagaço é “quebrado”, há uma mistura de açúcares. A levedura que usa a glicose para fazer etanol não usa a xilose. Ainda que o bagaço seja quebrado e inserido na fermentação, para que a levedura produza o etanol ela utilizará só a glicose, mas não a xilose. A produção de PHA, que é a partir da xilose, seria uma alternativa para evitar essa "perda" de matéria prima. Embora vários pesquisadores estejam estudando como fazer para que a levedura que produz etanol utilize também a xilose, aproveitando o bagaço, por hora a síntese de outros produtos de base biológica a partir da xilose seria uma alternativa considerável.

Como explicado por Luiziana Ferreira da Silva, organizadora do evento e professora do ICB-USP, o PHA é um material sintetizado por certas bactérias a partir de material orgânico. Uma vez extraído das bactérias, gera um polímero que pode ser moldado da mesma forma que os plásticos de origem petroquímica, com a vantagem de ser biodegradável. Várias foram as aplicações citadas para o PHA, como a fabricação de filmes plásticos biodegradáveis; a aplicação sem rejeição no organismo de pessoas e animais, por poderem também ser biocompatíveis; fabricação de microcápsulas biocompatíveis contendo medicamentos, ou hormônios, ou a produção de implantes para liberação controlada de fármacos.


Fonte: Estadão

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Transplante de células-tronco pode ter curado dois homens com HIV

Um estudo divulgado em Washington nesta semana, durante a 19ª Conferência Internacional da Aids, afirma que dois homens com HIV não apresentaram sinais do vírus no período de oito e 17 meses, respectivamente, depois de receber transplantes de células-tronco devido a uma leucemia.

A pesquisa feita por Daniel Kuritzkes, professor de medicina do Hospital Brigham and Women, em Massachusetts, traz a possibilidade de que os dois homens estejam livres do HIV.

De acordo com os cientistas, as células-tronco transplantadas repovoaram o sistema imunológico dos pacientes e os traços de HIV foram perdidos. Após receberem a medula de doadores, foi mantido o tratamento com antirretrovirais. Isso permitiu que as células doadas não fossem infectadas e criou ainda defesas imunitárias.

Atualmente, de acordo com o estudo, não há traços de HIV no DNA, RNA ou ainda no sangue dos homens que serviram de cobaia. De acordo com a pesquisa, o próximo passo será determinar a existência de HIV nos tecidos.

Os dois casos são diferentes do famoso "paciente de Berlim", o americano Timothy Brown, que se considera curado do HIV e da leucemia após receber um transplante de médula óssea de um raro doador que possuía resistência natural ao HIV (sem receptor CCR5, que age como porta de entrada do vírus nas células).

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Fonte: G1 - O portal de notícias da Globo

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Chip da USP flagra malária e mal de Chagas


Um chip de poucos centímetros, mas que pode fazer o trabalho de um laboratório inteiro, é a aposta de cientistas brasileiros para o diagnóstico rápido e barato de três doenças que afetam principalmente a população pobre do país e do mundo: malária, leishmaniose e Chagas.
Basta uma gota de sangue para que o dispositivo, criado por cientistas do Instituto de Física da USP de São Carlos, consiga detectar se alguém está infectado. O resultado sai em poucos segundos.
Doenças infecciosas continuam atuais
Hoje, os testes laboratoriais são a principal forma de diagnóstico dessas moléstias.

Editoria de arte/Folhapress

Além de não ficarem prontos na hora, esses exames necessitam de uma boa infraestrutura laboratorial. Algo que, em regiões isoladas e endêmicas, pode se tornar um grande obstáculo.
O novo chip elimina esses inconvenientes.

Para funcionar, o dispositivo se vale de impulsos elétricos. É o mesmo princípio dos velhos testes de glicemia --aqueles aparelhinhos geralmente usados por diabéticos para verificar a quantidade de açúcar no sangue.
Mas, em vez de açúcar, o exame brasileiro considera os impulsos elétricos gerados pela reação de uma proteína com os anticorpos que combatem as doenças.
MÉTODO
Os anticorpos são uma resposta do sistema de defesa do organismo à doença e só são produzidos por quem já foi infectado por um parasita.
"O chip tem várias nanopartículas [minúsculas esferas] que contêm uma proteína específica. Em contato com o sangue, essa proteína se liga ao anticorpo. O exame se vale das medidas elétricas causadas por essa reação", explica o coordenador do estudo, Valtencir Zucolotto, do Laboratório de Nanomedicina e Nanotoxicologia da USP de São Carlos.
Para cada uma das doenças testadas é usada uma nanopartícula específica.
"O exame conseguiu detectar as doenças até em estágios bastante iniciais", afirma Zucolotto, que tem a colaboração de um time de cientistas: Osvaldo Oliveira Júnior, Fernando Paulovich, Cristina Oliveira e Pietro Ciancaglini, também da USP, e Rodrigo Stabeli, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) de Rondônia.
O grupo já deu início ao processo para patentear o microchip do teste.
Por conta de seu princípio de ação, o método poderia ser usado ainda para detectar outras doenças que também geram uma resposta do sistema imune, como a dengue.
"Ainda é complicado falar em valores, mas ele certamente seria mais barato do que os exames laboratoriais", avalia Zucolotto.
Segundo o cientista, hoje seria possível produzir os circuitos que verificam os impulsos elétricos por algo em torno de R$ 100 e R$ 200.
Os chips, que são descartáveis após o uso, sairiam por cerca de US$ 1 (aproximadamente R$ 2,10).
"Nós desenvolvemos o protótipo, mas, para chegar ao mercado, é preciso que haja indústrias interessadas", completa o pesquisador.
RESSALVAS
Na opinião de Fernando Tobias Silveira, pesquisador responsável pelo laboratório de leishmanioses do Instituto Evandro Chagas, do Pará, a ideia do teste é "muito interessante", mas deve-se levar em conta as especificidades de cada doença.
"É preciso estar atento para o fato de que esses chips devem ser impregnados com antígenos altamente específicos. Por exemplo, se a suspeita é de leishmaniose visceral, é preciso que um desses chips esteja impregnado com antígeno de Leishmania infantum chagasi, que é o agente da leishmaniose visceral nas Américas", diz.
"Não adianta impregnar antígeno, por exemplo, de L. amazonensis, porque essa espécie é agente de leishmaniose cutânea no Brasil. Portanto, é preciso considerar que ocorrerão reações sorológicas cruzadas, reações falsas, se essas especificações não forem previstas", completa.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

País inicia produção de animais transgênicos


Embrião de camundongo transgênico de duas semanas, geneticamente modificado - José Xavier Neto/LMGO laboratório do médico José Xavier Neto está cheio de roedores. Cerca de 2 mil camundongos, acomodados em modernas "gaiolas" de plástico transparente, do tamanho de uma caixa de sapatos, com entrada e saída de ar individuais. Por fora, parecem todos iguais. Limpinhos, impecáveis e ativos, correndo de um lado para outro como personagens curiosos de um desenho animado. Por dentro, porém, há diferenças essenciais entre eles. São animais transgênicos, que tiveram um ou mais de seus genes modificados antes de nascer.
Inaugurado em setembro de 2010, como parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas, o Laboratório de Modificação do Genoma (LMG) - que Xavier coordena - foi criado para prestar um serviço essencial à ciência brasileira: a produção de modelos animais geneticamente modificados. Uma ferramenta básica para o avanço das pesquisas médicas e biológicas de diversas áreas, mas historicamente muito pouco usada no Brasil.
"Estamos falando de uma tecnologia que existe desde 1981", ressalta Xavier, referindo-se ao ano em que foram produzidos os primeiros camundongos transgênicos no mundo. Desde então, o genoma do camundongo já foi completamente sequenciado e praticamente todos os seus genes - 95% dos quais são iguais aos do homem - já foram modificados de uma forma ou de outra para a investigação de processos biológicos básicos e aplicados a doenças humanas.
Só o Laboratório Jackson, um dos maiores fornecedores de camundongos transgênicos do mundo, nos EUA, tem um catálogo com mais de 6 mil variedades e vendeu, só no ano passado, mais de 3 milhões de animais para pesquisadores de 56 países.
No Brasil, porém, a "moda" não pegou. O primeiro camundongo transgênico do País só foi produzido em 2000, na Universidade de São Paulo (USP), e mesmo depois disso nunca se estabeleceu um serviço de produção de linhagens capaz de abastecer a ciência nacional. O jeito é importar linhagens prontas (solução cara e burocrática), desenvolver linhagens próprias (inviável para a maioria dos laboratórios) ou se limitar a fazer pesquisas in vitro (solução mais simples, porém de menor impacto científico). "Definitivamente perdemos o bonde dessa tecnologia", diz Xavier. "Não só ela não foi incorporada como não se desenvolveu uma cultura de usar esses animais aqui."
O LMG foi pensado para reverter esse quadro, operando simultaneamente como centro de pesquisa e prestação de serviços, produzindo animais transgênicos customizados para pesquisadores de todo o País. Se um cientista precisa de um animal transgênico, ele faz a encomenda, fornece as especificações, o LMG produz o animal e manda para ele. Tal qual um escritório de engenharia executa um projeto para um arquiteto. Só que a engenharia, neste caso, é genética. E a arquitetura, biológica.
As duas primeiras encomendas - feitas por Lygia Pereira, da USP, e Francisco Laurindo, do Instituto do Coração (Incor) - começaram a ser produzidas neste mês. O serviço é gratuito para projetos de pesquisa pública.
Antes de abrir o balcão, porém, o LMG já produziu cerca de 50 linhagens de camundongos transgênicos, utilizando nove genes diferentes, para projetos de pesquisa internos do laboratório. Vários deles, voltados para pesquisas cardíacas, relacionadas ao desenvolvimento e ao funcionamento do coração - herança, em parte, dos 21 anos em que Xavier foi pesquisador do Incor.
Outras 15 linhagens foram importadas do Laboratório Jackson, por US$ 6,5 mil (cerca de US$ 230 por animal). O Estado presenciou a chegada das últimas quatro, no início do mês: oito camundongos em uma caixa de plástico com comida e água em forma de gel. São animais com um grau a mais de complexidade transgênica. Eles têm uma enzima no organismo que funciona como um interruptor molecular, que permite aos cientistas ligar ou desligar as modificações genéticas onde e quando desejarem. Por exemplo: só no tecido cardíaco ou só na fase adulta do animal.
A ideia é cruzar esses bichos com as linhagens customizadas do laboratório, combinando o interruptor já embutido nos pais com os genes que serão colocados no genoma dos filhos. "O bicho já vem com o interruptor, a gente só acrescenta a lâmpada", compara Xavier.
Engenharia genética. Para produzir os animais transgênicos, os cientistas injetam em seus embriões pedaços de DNA especialmente montados em laboratório (chamados "construções"), contendo o gene de interesse da pesquisa e uma série de outros códigos genéticos associados ao seu funcionamento.
Seja qual for o método aplicado, a ideia é que essa construção se integre ao genoma do embrião e passe a funcionar como se fosse parte original dele - algo como embutir um software genético no sistema operacional do bicho. Dependendo do que estiver escrito nesse software, ele pode executar uma série de funções, como inibir a ação de algum outro gene ou ordenar a superexpressão de uma proteína cuja função os cientistas desejam estudar. "O limite é a imaginação do pesquisador", diz Xavier.
Manipulações que não podem ser feitas em seres humanos. Mas que, pela semelhança genética entre homens e camundongos, podem dar contribuições diretas para o conhecimento da biologia humana e para a cura de doenças.
As ninhadas primogênitas das duas primeiras encomendas são esperadas para outubro.
Fonte: Estadão

terça-feira, 24 de julho de 2012

Harvard para as massas

Essa não é mais uma notícia sobre Biotencologia, mas um post para todos os inquietos por informações. Grandes universidades dos EUA prometem uma revolução na educação, disponibilizando aulas online para o mundo todo. Para ter acesso, como diz a reportagem de Nizan Guanaes, basta ter conexão digital e falar inglês, o que já é necessário hoje em dia de qualquer forma.

Stanford, Princeton, Caltech, Rice, entre outras, disponibilizam cursos gratuitos pelo site coursera.org, já Harvard e MIT estão em edxonline.org, mas só a partir de setembro deste ano. Juntas essas duas últimas pretendem alcançar 1 bilhão de pessoas e ainda prometem que o conteúdo seja interativo e tenha intenso feedback, afim de melhorarem seus programas.

Os fatos são que um professor da Universidade de Michigan teve sua video-aula acessada por 40 mil alunos, o que só seria possível com 200 anos de aulas presenciais e o site Coursera atingiu um índice de 700 mil alunos em poucas semanas no ar, o que indica uma revolução na forma de ensinar.

Confira a reportagem completa e como isso poderia impactar o desenvolvimento do país.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Alimentos funcionais e probióticos

Os alimentos funcionais a têm característica de serem benéficos à saúde, além da sua função essencial de nutrir. Alguns deles parecem reduzir o risco de doenças degenerativas. Historicamente, a utilização de certos alimentos na redução do risco de doenças já era considerada há anos. Hipócrates cerca de 2500 anos atrás já pregava isso: "faça do alimento o seu medicamento". No entanto, somente no final deste último século, na década de 90, é que começou haver um interesse renovado por esse assunto, e foi quando o termo "alimento funcional" passou a ser adotado. As pesquisas se intensificaram e o conceito de alimento funcional tornou-se mais conhecido. O Japão foi o pioneiro na produção e comercialização de alimentos funcionais, conhecidos como FOSHU, "Foods for Specified Health Use" (Comida para uso específico na saúde).

Dentre os diversos alimentos funcionais, os que tem se destacado são os probióticos. Estes agem diretamente na flora intestinal do homem. São microrganismo vivos que ingerimos, porém que nos trazem benefícios. O ser humano tem uma porção de microrganismo em seu trato intestinal, que nos ajudam na digestão de nutrientes e também previnem que outros microrganismos patogênicos nos causem doença. Os alimentos probióticos melhoram o desempenho dessa microbiota, uma vez que estimulam o crescimento de bactérias benéfica e inibem a infestação das que podem ser prejudiciais. E isso, consequentemente, melhora a imunidade do indivíduo.

Os benefícios à saúde do homem devido à ingestão de alimentos probióticos que mais se destacam são: controle da microbiota intestinal; estabilização da microbiota intestinal após o uso de antibióticos; promoção da resistência gastrintestinal à colonização por patógenos; diminuição da população de patógenos através da produção de ácidos acético e lático, de bacteriocinas e de outros compostos antimicrobianos; promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes à lactose; estimulação do sistema imune; alívio da constipação; aumento da absorção de minerais e produção de vitaminas. Embora ainda não comprovados, outros efeitos atribuídos a essas culturas são a diminuição do risco de câncer de cólon e de doença cardiovascular. (Informações retiradas de artigo de Susana Saad, publicado na Revista Brasileira de Ciência Farmacêutica).

Para alcançar os benefícios, o alimento deve ter quantidade correta de microrganismos disponíveis e exigida por legislação. Além disso, o consumo deve ser contínuo e atrelado a uma boa dieta e exercícios físicos.

Rafaela Herrera Silva – diretora-presidente da Biotec Jr.

domingo, 22 de julho de 2012

Medicamentos genéricos para animais

Na última quinta-feira (19 de julho), a lei 12.869, que autoriza o uso de medicamentos genéricos e similares para animais no país, foi aprovada. A resolução vale para substâncias químicas, biológicas ou geneticamente modificadas utilizadas em remédios, vacinas, antissépticos, aditivos, entre outros produtos. Todos os produtos farmacêuticos genéricos devem ter qualidade comprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Medicamento genérico é assim chamado por não ter marca, mas tem mesmo princípio ativo, indicação terapêutica, concentração, via de administração e dosagem que o medicamento de marca. Os similares, assim como os genéricos, são mais baratos que os chamados de 'referência' do mercado. Estes tem o mesmo princípio ativo, mas não são necessariamente "bioequivalentes" (igual efeito terapêutico) ao de marca.

A resolução publicada no dia 20 de julho no Diário Oficial da União também menciona sobre programas técnico-científicos para melhoria da qualidade e eficácia de remédios veterinários no Brasil.

Confira a notícia completa aqui.

sábado, 21 de julho de 2012

Cientistas dizem que vacina contra Aids está ao alcance




Entre as motivações está o fato de que, desde o auge da pandemia, em 1997, novas infecções da doença caíram 21%, graças aos avanços na prevenção e as buscas pelo tratamento precoce.


Numa infeliz entrevista coletiva em 1984, a então secretária de Saúde dos EUA, Margaret Heckler, previu ousadamente que uma vacina eficaz contra a aids estaria disponível em dois anos.



Mas uma série de tentativas frustradas -incluindo um teste em 2007 com uma vacina da farmacêutica Merck que parecia tornar as pessoas mais vulneráveis à infecção, ao invés de protegê-las- lançou uma sombra duradoura sobre as pesquisas nesse campo.

Em 2009, um teste clínico na Tailândia foi o primeiro a mostrar que seria possível evitar a contaminação pelo vírus HIV em humanos. Desde então, as descobertas apontam para vacinas ainda mais poderosas usando anticorpos que combatem o vírus.
Agora, os cientistas acham que o licenciamento de uma vacina acontecerá em breve.

"Conhecemos o rosto do inimigo", disse Barton Haynes, da Universidade Duke, na Carolina do Norte, que até recentemente dirigiu o Centro de Imunologia para a Vacina do HIV/Aids.

Esse consórcio de pesquisas foi fundado em 2005 pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA para identificar e superar obstáculos que surgem no desenvolvimento de vacinas contra o HIV. Em junho, o instituto suspendeu as verbas para o consórcio.

Ao contrário de muitos vírus causadores de doenças infecciosas, o HIV é um alvo móvel, gerando continuamente versões ligeiramente diferentes de si mesmos, e com cepas diferentes afetando populações diferentes ao redor do mundo. O vírus é especialmente pernicioso por atacar o sistema imunológico, ou seja, o mecanismo que o corpo usaria para reagir à infecção.

"O vírus é bem mais astuto do que pensávamos", disse Haynes, que apresentará um relato sobre os progressos na pesquisa das vacinas durante a conferência anual da Sociedade Internacional da Aids, entre 22 e 27 de julho em Washington.

Graças a medicamentos capazes de controlar o vírus durante décadas, a aids não é mais uma sentença de morte. As novas infecções caíram 21 por cento desde o auge da pandemia, em 1997, e avanços na prevenção - por meio de programas voluntários de circuncisão, prevenção da transmissão vertical (de mãe para filho) e tratamento precoce - prometem reduzir ainda mais a incidência.

Ainda assim, estima-se que haja até 34 milhões de soropositivos no mundo. E, com 2,7 milhões de casos só em 2010, especialistas dizem que a vacina continua sendo a maior esperança de erradicação da aids.

Fonte: Estadão

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Cursos Embrapa

A Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em setembro, oferecerá dois cursos próximo ao Campo Experimental Sucupira, em Brasília, DF. Ambos são voltados a comunidade acadêmica, profissionais e pessoas interessadas, a fim de capacitá-los em duas tecnologias de ponta da área de biotecnologia da reprodução animal: produção in vitro de embriões bovinos e aspiração folicular em bovinos.

Os dois cursos são:

Produção in vitro de embriões bovinos

De 10 a 14 de setembro de 2012 – O curso tem como objetivo capacitar os participantes na técnica de produção in vitro de embriões, a partir de aulas práticas e teóricas sobre procedimentos de maturação ovocitária, fecundação in vitro e cultivo embrionário in vitro, entre outros.

O conteúdo programático inclui aulas teóricas e práticas sobre: conceitos gerais da fisiologia ovariana bovina (ovogênese e foliculogênese); noções gerais da produção in vitro de embriões; maturação ovocitária; conceitos básicos da fecundação; métodos para obtenção de espermatozóides viáveis para a fecundação in vitro; seleção de espermatozóides sexados; seleção de ovócitos; maturação in vitro, preparação de espermatozóides, fecundação in vitro; cultivo embrionário; criopreservação de ovócitos e embriões PIV; preparação de espermatozóides; avaliação de embriões e criopreservação, entre muitos outros tópicos.

Aspiração folicular em bovinos

De 17 a 20 de setembro de 2012 – Vai treinar os participantes na técnica de aspiração folicular orientada por ultrassonografia (OPU) e também na procura e classificação dos ovócitos recuperados.

O conteúdo programático do curso é composto de aulas práticas e teóricas sobre: morfofisiologia ovariana; aspectos básicos da produção in vitro de embriões (PIV); seleção de ovócitos; equipamentos e infraestrutura necessários para OPU; princípios de funcionamento dos equipamentos de OPU; preparo dos materiais e meios para OPU; apresentação dos equipamentos para OPU e seleção dos ovócitos; treinamento da técnica de OPU em peças de abatedouro; treinamento de seleção e classificação de ovócitos; fatores mecânicos que afetam a eficiência da OPU; fatores biológicos que afetam a eficiência da OPU; protocolos e frequência de colheita (aspirações); protocolos hormonais para OPU; preparação de doadoras de ovócitos; riscos associados à OPU; treinamento na técnica de OPU; treinamento na busca e seleção de ovócitos; manipulação de ovócitos; avaliação de ovócitos; cuidados para envio para o laboratório; transporte; custos do processo (materiais, etc.); aspectos comerciais da OPU/FIV; treinamento na técnica de OPU e treinamento de busca e seleção de ovócitos.

As inscrições foram prorrogadas até dia 4 de setembro e devem ser feitas pelo site: http://www.cenargen.embrapa.br/cursos/

Confira mais informações.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Além dos derivados de petróleo

Braskem amplia mercados com polímero feito a partir de etanol e investe em rotas biotecnológica.


Maria Carolina Grassi dedica-se à seleção de microrganismos robustos e competitivos
A petroquímica brasileira Braskem, sexta colocada no ranking mundial do setor, produz anualmente mais de 16 milhões de toneladas de intermediários químicos e resinas termoplásticas, como polietileno, polipropileno e PVC, e lidera a produção do chamado polietileno verde, feito a partir do etanol da cana-de-açúcar, resultado de um trabalho de pesquisa e desenvolvimento tecnológico dos pesquisadores da área de polímeros. Apenas três anos atrás ela ocupava a 11ª posição. A rápida escalada deve-se principalmente à compra da empresa brasileira Quattor e da divisão de polipropileno da petroquímica norte-americana Sunoco, na Filadélfia, em março de 2010, o que abriu espaço para a atuação fora do Brasil, e de quatro fábricas de polimerização da Dow Chemical, duas nos Estados Unidos e duas na Alemanha, no ano passado.
A inauguração da fábrica de polímero do etanol de cana em setembro de 2010 com capacidade de produção de 200 mil toneladas por ano no polo petroquímico de Triunfo (RS), onde está localizada a petroquímica, também contribuiu para esse resultado. Sozinha ela representa 28% do mercado mundial de biopolímeros produzidos em 2010, que totalizou 724.500 toneladas, segundo a European Bioplastics, associação europeia que representa os fabricantes, transformadores e usuários de bioplásticos e polímeros biodegradáveis. A projeção é de um mercado com grande fôlego de crescimento. A associação europeia estima que em 2015 a produção atinja 1,7 milhão de toneladas.
No Brasil, o polietileno verde é usado, por exemplo, pela Danone em embalagens de iogurte, pela Faber Castell em embalagens de lápis e pela Natura nos seus produtos da linha erva-doce. A Braskem vende o polímero bruto para os seus clientes, que se encarregam da transformação da resina em embalagens de cosméticos, protetores solares, brinquedos, sacolas de supermercado e outras aplicações. Fora do Brasil, os acordos comerciais para a utilização do polímero da cana têm se ampliado, a exemplo da parceria firmada no início de junho com o grupo alemão Tecnaro, empresa que desenvolveu uma espécie de madeira termoplástica chamada Arboform, para dar outros usos para a resina.
A possibilidade de voltar a produzir um polímero verde pela petroquímica, que tem como principais acionistas o grupo Odebrecht e a Petrobras, surgiu em 2004, mas só em 2006, quando a empresa contratou uma consultoria externa para fazer um mapeamento do mercado global, o projeto tomou forma. “Na conversa com clientes, percebemos que a questão da sustentabilidade estava ganhando importância no mercado consumidor”, diz Patrick Teyssonneyre, diretor de inovação e tecnologia para polímeros, de 35 anos e há 12 na Braskem. Para o trabalho de prospecção a empresa tem uma equipe de 70 pessoas, composta pelas áreas comerciais, de marketing, desenvolvimento de mercado e engenharia de aplicação, que estão sempre em campo consultando clientes e consumidores finais sobre as necessidades e tendências no setor.
As melhores ideias são convertidas em projetos que podem ter como objetivo desde um novo produto ou tecnologia até um novo serviço e aplicação para algum produto já existente. “Buscamos universidades no mundo que são as mais destacadas nos assuntos em pauta nos projetos e fazemos propostas de trabalho conjunto”, diz Teyssonneyre, engenheiro de materiais formado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O primeiro contato com a Braskem foi durante um estágio feito quando cursava a universidade. “Comecei como engenheiro de desenvolvimento de produtos e depois passei a gostar dos laboratórios”, conta o diretor, que fez MBA em gestão na Fundação Getúlio Vargas.
Entre as instituições parceiras da empresa estão a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e as universidades Clemson, Massachusetts e Stanford, nos Estados Unidos. Com Stanford, por exemplo, a Braskem firmou um contrato para o desenvolvimento de uma resina de polipropileno para o segmento de fibrocimento, que apresentou excelente desempenho em comparação com as alternativas existentes no mercado. Em maio, a empresa depositou uma patente da tecnologia desenvolvida e o lançamento comercial do produto está previsto para outubro deste ano.
A Braskem tem 35 plantas industriais distribuídas pelo Brasil, Estados Unidos e Alemanha, e dois centros de pesquisa dedicados a petroquímicos, um em Triunfo com 180 pesquisadores e o outro em Pittsburgh, na Pensilvânia, Estados Unidos, com 40 pesquisadores. Além disso, ela dispõe de um laboratório de biotecnologia e um de fermentação, sediados no Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas, com 25 pesquisadores. Esses laboratórios atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias renováveis e contam ainda com uma equipe de processos renováveis. Engenheiros químicos, engenheiros de materiais, químicos e, mais recentemente, biólogos, bioquímicos e bioinformáticos compõem o quadro de pesquisadores. Cerca de 40% têm graduação, mestrado ou doutorado e o restante é formado por técnicos de laboratório. “Os três laboratórios se complementam e operam de forma integrada”, diz Teyssonneyre. Em 2011, a Braskem investiu R$ 155 milhões em pesquisa e teve renda líquida de R$ 33,2 bilhões, um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
© LÉO RAMOS
Pesquisadores no laboratório de biotecnologia instalado no LNBio, em Campinas
“Um diferencial da Braskem no desenvolvimento de produtos é a sua proximidade com o cliente e diferentes centros de pesquisa nacionais e internacionais, além da qualificação dos integrantes”, diz Mauro Alfredo Soto Oviedo, de 41 anos, pesquisador da área de polímeros em Triunfo, com graduação em bioquímica pela Universidade de Concepción, no Chile, mestrado em biotecnologia industrial na Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em química na Unicamp, além de um estágio em química na Universidade Birmingham, na Inglaterra, onde estudou mecanismos de degradação de materiais poliméricos, e pós-doutorado em nanotecnologia de polímeros, também na Unicamp. Toda a sua pós-graduação, inclusive o estágio na Inglaterra, foi apoiada pela FAPESP.
A política da petroquímica é garantir que os recursos sejam bem investidos. “Sabemos que a inovação tem risco e nem todos os projetos vão dar certo, por isso procuramos identificar nos estágios iniciais aqueles que não são promissores”, diz Teyssonneyre. A cada etapa do projeto é feita uma análise detalhada de riscos, tanto técnico quanto comercial, para avaliar o grau de viabilidade. Oviedo, por exemplo, foi convidado para trabalhar na Braskem em junho de 2006 como integrante de um grupo criado para desenvolver pesquisas na área de nanotecnologia para a classe das poliolefinas, da qual fazem parte o polietileno e o polipropileno. “O desenvolvimento da tecnologia avançou em escala piloto, mas o mercado para esse tipo de poliolefinas especiais não cresceu conforme o previsto, por isso os recursos destinados a essa linha de pesquisa foram alocados para projetos de maior prioridade”, diz Oviedo. Enquanto aguarda o momento certo para produzir essa tecnologia, o grupo que durante três anos ficou envolvido com o projeto foi realocado para outras áreas. “Hoje trabalho na área de ciência de polímeros.” A equipe conta com 18 pesquisadores, entre químicos, engenheiros, farmacêuticos e bioquímicos, todos com mestrado ou doutorado.
Marcelo Farah, de 37 anos, graduado em engenharia de materiais pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no Paraná, com mestrado e doutorado em ciência e engenharia dos materiais pela UFSCar, também com bolsa FAPESP, faz parte desse grupo desde 2005. “Trabalhamos com assuntos diferentes e um tempo de resposta rápida para atender às necessidades e estratégias bastante diversas das requisitadas na universidade”, diz Farah. Uma das tarefas do grupo é fazer a ponte com a academia. “Buscamos capturar oportunidades de pesquisas, com resultados que nos interessam para incorporar a tecnologia no nosso dia a dia.”
A Braskem não destina um percentual fixo para a pesquisa. O valor anual varia em função dos projetos em andamento. Para a implantação da fábrica de polietileno de etanol da cana, por exemplo, foram destinados R$ 500 milhões. Embora não seja biodegradável, já que sua estrutura química é idêntica à do plástico obtido do petróleo, o que confere à resina as mesmas propriedades físicas e mecânicas, o polímero verde tem atraído a atenção do mercado por ser oriundo de uma fonte renovável.
Tecnologias renováveis
A estrutura de pesquisa de tecnologias renováveis, instalada no LNBio desde setembro de 2010, originou-se de uma parceria entre a Braskem e o laboratório de Genômica e Expressão da Unicamp em 2007, por meio de um projeto coordenado pelo professor Gonçalo Guimarães Pereira, que teve apoio da FAPESP na modalidade Programa Parceria para Inovação Tecnológica (Pite), intitulado Rotas verdes para o propeno (ver Pesquisa FAPESP nº 177). Os seis alunos de pós-graduação que participaram inicialmente do projeto foram contratados pela Braskem. “Meu doutorado em genética e biologia molecular, que está sendo finalizado, foi iniciado na Unicamp dentro desse projeto”, diz a pesquisadora Maria Carolina Grassi, de 27 anos, formada em biologia pela mesma universidade e uma das contratadas.
“A equipe de processos renováveis acompanha tudo o que é desenvolvido em escala microscópica pelos pesquisadores da biotecnologia, avaliando e otimizando os principais aspectos da transformação em escala industrial”, diz Maria Ignez Broglio, 47 anos, engenheira química formada pela Unicamp, onde também fez mestrado, que coordena uma das linhas de pesquisa com foco em catálise. A tarefa da equipe de Maria Ignez, que durante 20 anos trabalhou na indústria química de base e desde 2010 está na Braskem, é desenvolver uma rota inovadora para a produção de monômeros que serão utilizados na produção de plásticos verdes.
No laboratório de biotecnologia são desenvolvidas vias metabólicas para a produção de compostos químicos de interesse. “Buscamos microrganismos que sejam robustos, com alto rendimento e alta produtividade do composto químico final, a exemplo dos utilizados na produção industrial de etanol e ácido lático”, diz Maria Carolina.
Maria Ignez coordena uma linha de pesquisa que tem como objetivo chegar mais rapidamente a moléculas verdes com o uso de fontes de carbono renováveis e a utilização de novos catalisadores (responsáveis pela aceleração dos processos químicos). Ela cita o exemplo do álcool da cana que foi transformado em monômero verde por meio de catálise ácida. Por esse método, o catalisador ácido desidrata o etanol, transformando-o em eteno, processo com altíssimo rendimento. “A vantagem desse processo é que não é preciso mexer nas instalações na etapa posterior de polimerização da molécula obtida pela catálise”, diz. Para produzir o polietileno verde, por exemplo, a Braskem fez investimentos na primeira etapa, chamada reacional, e na purificação. A estratégia tem como objetivo dispor de rotas alternativas para produzir novas moléculas verdes para o mercado e assim ganhar tempo para a evolução dos microrganismos modificados biotecnologicamente.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Hospital pesquisa tratamento para três tipos de cânceres


Para desenvolver estudos sobre o câncer o hospital A.C. Camargo, referência no tratamento dessa patologia, iniciou os estudos com o objetivo de administrar um marcador capaz de identificar a melhor terapia a ser desenvolvida antes do inicio do tratamento, para assim obtenção de melhores resultados. Esse estudo é baseado nos padrões de células tumorais e deve levar pelo menos dois anos para conclusão.
Célula cancerígena pancreática
Serão estudados 3 tipos de cânceres, dentre os quais: câncer no pulmão, que mais acomete a população e maior causa de morte dentre os cancêres; o colorretal segundo tipo de câncer mais frequente nas mulheres e terceiro nos homens; e o câncer no pâncreas, por sua difícil detecção.Além disso outra razão que levou à escolha destes três é que, geralmente, encontram-se em estado mais avançado de propagação no corpo.Participarão dos testes 100 pacientes com câncer colorretal, 100 com câncer de pulmão e 30 com câncer de pâncreas.

No Brasil essa pesquisa é inédita, todavia outros estudos já foram desenvolvidos por pesquisadores norte-americanos e europeus e como resultado obteve-se propostas para o tratamento do câncer de mama, por exemplo. Apesar das grandes pesquisas neste ramo ainda não há uma metodologia de tratamento, impedindo a aplicação de testes em larga escala.
Os estudos serão financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que investirá R$ 700 mil até maio de 2014.


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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pesquisa deseja desenvolver chip que devolva movimentos a deficientes



O objetivo da pesquisa é desenvolver um chip sem fio e de baixo consumo energético com materiais biocompatíveis, como carbeto de silício. O chip seria implantado na região mais externa do córtex motor e teria a propriedade de desenvolver uma interface cerebral. Quando ativado, o chip poderá comandar os movimentos em uma pessoa com deficiência física e motora.

Os comandos enviados pelo chip serão recebidos por um exoesqueleto mecânico ou robotizado, capaz de movimentar braços e pernas. Segundo o pesquisador Mario Alexandre Gazziro, tal tecnologia já está bem encaminhada e mais detalhes não podem ser divulgados a fim de preservar a propriedade intelectual.

Atualmente já existem pesquisas que objetivam a implantação de eletrodos no cérebro, contudo esta ainda não é aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). E a desvantagem de outras pesquisas é ainda depender do uso de fios para manter uma conexão com a interface cerebral.

A pesquisa do chip sem frio tem sido desenvolvida no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) no campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) juntamente com um grupo norte-americano. Os pesquisadores estimam que se aprovada em todas as fases de teste, a tecnologia do chip esteja disponível para o uso em humanos a partir de 2030.

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domingo, 15 de julho de 2012

Mutação Genética é Eficiente Contra Alzheimer


       Cientistas islandeses descobriram uma mutação genética que pode prevenir contra o Mal de Alzheimer e o comprometimento cognitivo causado pelo envelhecimento. Esses cientistas fizeram um estudo com 1.795 islandeses e descobriram uma mutação no gene APP, que reduziria em até 40% a formação da proteína amiloide em idosos saudáveis.

        Essa proteína é uma substância insolúvel que se acumula no cérebro dos pacientes formando placas e é responsável pela aparição do Alzheimer, o qual está presente e é sofrida por um quarto das pessoas com idade superior aos 60 anos. Dessa forma, esta mesma mutação reduziria a deterioração cognitiva dos idosos sem Alzheimer, por isso os pesquisadores acreditam que os dois transtornos compartilham dos mesmos mecanismos.

     Até o momento, os cientistas descobriram 30 mutações no gene APP, 25 das quais se consideram causadoras da doença em idades avançadas, mas esta é a primeira vez que se detecta uma mutação relacionada com a aparição do Alzheimer em idosos. Assim, segundo um dos pesquisadores, “esta mutação representa o primeiro exemplo de uma alteração genética que confere uma proteção forte contra o mal de Alzheimer”, já que mais de 5% dos maiores de 60 anos sofrem de algum tipo de doença e, em dois terços dos casos, se trata de Alzheimer.

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sábado, 14 de julho de 2012

Teste de HIV feito em casa

Kit de teste de HIV
Kit vendido em farmácias poderá diagnosticar vírus da Aids 
O novo exame de HIV pode ser feito em casa e é muito parecido com um teste de gravidez comum.O kit poderá ser comprado em qualquer farmácia e deve chegar às lojas norte americanas nos próximos meses.
Depois de 20 anos de discussão, um painel de especialistas aprovou o teste no fim de maio.

O OraQuick é o primeiro exame desse tipo a  ser aprovado no mundo. Ele é feito a partir de uma amostra de saliva.O resultado fica pronto entre 20 e 40 minutos.
O teste é eficiente em 90% dos casos, mas em caso de resultado negativo deve ser repetido em três meses para confirmação.
Nos Estados Unidos, 1,2 milhão de pessoas estão infectadas pelo HIV, mas 20% delas não sabem que carregam o vírus.
O exame deve ajudar a diminuir esse número e contribuir para a redução de novos contágios.
Todo ano o país registra 50 mil novos casos.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Mosquito transgênico contra a dengue


Para o combate à dengue, o Brasil dará início à produção do mosquito transgênico, supervisionada pelo Ministério da Saúde. No último sábado (7) foi inaugurada uma fábrica na Bahia com a maior capacidade de produção mundial do mosquito da dengue estéril. A unidade funcionará em Juazeiro, sede da empresa pública Moscamed, biofábrica especializada na produção de insetos transgênicos para controle biológico de pragas.
Aedes aegypt: filhos do mosquito geneticamente
alterado não conseguirão se desenvolver.
Uma primeira linhagem de mosquitos transgênicos foi desenvolvida pela empresa britânica Oxitec e, em 2010, pesquisadores da USP adaptaram esta linhagem às condições brasileiras. Para a produção em larga escala do mosquito, a USP fechou uma parceria com a Moscamed.
Estes mosquitos liberados no ambiente, em maior quantidade do que o existente na natureza, vão copular com as fêmeas, mas sua prole nunca chegará a ultrapassar a fase de larva, o que deve diminuir a população do mosquito até que controle a transmissão da dengue.
O Aedes aegypti  transgênico já foi testado em dois bairros de Juazeiro, Mandacaru e Itaberaba, entre 2011 e 2012, ambos com cerca de 3 mil habitantes e com um alto índice do mosquito. A população do mosquito foi reduzida em 90% com a adoção da técnica.
A ideia é a liberação dos insetos no município baiano de Jacobina, com 79 mil habitantes e apresentou 1.647 casos de dengue em 2012. A ação é inédita mundialmente: é a maior liberação de insetos transgênicos de controle urbano do mosquito da dengue. O governo do estado da Bahia está investindo 1,7 milhões no projeto.
Conforme os resultados, o governo poderá expandir a estratégia para todo o País e, dentro de alguns anos, incorporá-la ao Sistema Único de Saúde (SUS) como um dos mecanismos de combate à doença.

Produção e atuação do mosquito transgênico.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Seleção transgênica

Nova técnica nacional de inserção de genes vai
 combater doenças como a broca-do-café
      Para aprimorar o desenvolvimento de plantas transgênicas no Brasil, pesquisadores de duas unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Recursos Genéticos e Biotecnologia e Café, ambas sediadas em Brasília – criaram uma técnica que consiste em selecionar partes específicas do gene, denominadas promotores. Eles são responsáveis por definir onde, quando e em que condições as características desejadas irão se manifestar nas plantas. A intenção dos pesquisadores, coordenados por Juliana Dantas de Almeida, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, é selecionar os promotores de interesse e colocá-los em um catálogo para as instituições de pesquisa. A patente da técnica de modificação de genes de interesse foi depositada em abril. Atualmente, para  desenvolverem uma planta transgênica, os pesquisadores utilizam promotores constitutivos, o que significa que o 
gene inserido vai se manifestar em todas as partes da planta e em todas as etapas do seu desenvolvimento. O novo método permite que o gene inserido se expresse apenas no endosperma (tecido nutritivo presente nas sementes) do fruto da planta transformada. No combate a doenças como a broca-do-café, por exemplo, causada por um besouro que se instala no grão do fruto para se reproduzir, o ataque seria diretamente no ponto de origem do problema. 
O gene de resistência à broca seria comandado por um promotor específico que combateria apenas o besouro, e não outros insetos que se alimentam de folhas.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Circuitos que atuam sobre a fome podem ser ligados e desligados


Camundongo se alimenta em resposta à
ativação de neurônios responsáveis pela fome 
Através de experimentos em camundongos geneticamente modificados, cientistas norte-americanos mapearam um circuito neuronal específico, responsável pelo controle da fome. Com isso, conseguiram ligar e desligar o circuito, alterando as reações dos animais de forma imediata.

Os testes foram feitos em um período do dia em que camundongos, bem alimentados, geralmente não comem. Esses estudos consistem em ligar e desligar a conexão entre neurônios hipotalâmicos denominados AGPR, que liberam ocitocina em outra região do hipotálamo.

Segundo o PhD Scott Sternson, autor do estudo e cientista do Instituto Médico Howard Hughe, “ao ligar e desligar o circuito neural, os camundongos mudaram rapidamente de comportamento. Antes em estado letárgico, passaram rapidamente a procurar por alimento”.

A manipulação de circuitos neuronais é extremamente difícil, afirma Sternson, e, para isso, os pesquisadores usaram um complexo de ferramentas virais, moleculares e genéticas para alcançar o circuito desejado. Foi usado também a sensibilização através de luzes, que eram enviadas aos neurônios AGRP através de um cabo de fibra óptica, controlando a fome.

O cientista ainda afirma que "ao ativar os neurônios AGRP, rapidamente a fome foi ativada. Descobrimos que a fome induzida com a ativação dos neurônios AGRP exige a supressão dos neurônios de ocitocina".

Os estudos buscam desenvolver tratamentos para disturbios alimentares, como a síndrome de Prader Willi, cujos portadores carecem de neurônios de ocitocina e, consequentemente, possuem fome excessiva, que não é sanada com a ingestão de alimentos.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ratos voltam a andar após lesão na medula espinhal


Um grupo de ratos em um laboratório em Lausanne, Suíça, reaprendeu a andar após ter a medula espinhal lesionada de forma semelhante à que acontece com humanos que ficam paraplégicos.
A técnica de reabilitação combina injeções, estimulação elétrica e uma veste controlada por um equipamento robótico. Os cientistas ficaram surpresos com extensão da recuperação dos ratos analisados, alguns foram capazes de subir escadas e ultrapassar obstáculos.

Para chegar a este resultado os pesquisadores primeiro injetaram químicos para estimular os neurônios da região em que a medula estava cortada e, em seguida, estimularam eletricamente esta região. Esta dupla ação reativou os neurônios do local e refez as conexões entre as duas partes da medula. O passo seguinte foi fazer os ratos caminharem novamente com uma veste suspensa por um braço robótico no qual apenas as patas de trás ficavam no chão, para evitar que eles utilizassem as patas da frente (ilesas) para se movimentar.

O grupo da Politécnica de Lausanne dividiu as cobaias em dois grupos: alguns ratos eram obrigados a andar e subir degraus voluntariamente, incentivados por uma guloseima, enquanto o outro andou em uma esteira, sem incentivo. Enquanto os que buscavam o petisco efetivamente subiram os degraus e ultrapassaram obstáculos, o grupo treinado pela esteira não conseguia andar voluntariamente no chão estático. Aparentemente, segundo os resultados, é necessário envolver o centro de decisões do cérebro, com um treinamento ativo, para remodelar os circuitos neurais envolvidos no movimento.

Para humanos, uma realidade ainda distante, a pesquisa comprova que, em certas condições, é possível refazer as conexões mesmo após uma lesão grave na medula e abre a possibilidade de se criar algo semelhante para seres humanos. “Os resultados são encorajadores, mas é preciso ter muita cautela porque existem diferenças muito significativas na organização funcional da medula espinhal de roedores e de primatas”, afirmou o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis



Os pesquisadores estão agora planejando fazer estudos clínicos em pessoas com lesão na medula espinhal. “Esses estudos irão mostrar o quanto conseguiremos recuperar os movimentos em humanos com esta técnica”, explicou
Janine Heutschi, uma das autoras da pesquisa, da Escola Politécnica Federal de Lausanne.






Fonte: ig.com.br