quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vacina contra malária passa em primeiro teste com animais


Cientistas britânicos desenvolveram uma vacina experimental que poderá vir a neutralizar todas as cepas da mais letal variedade do parasita da malária.
Os resultados dos testes preliminares em ratos e coelhos mostram que a vacina induz a uma reação imunológica contra o parasita "Plasmodium falciparum", que causa quase todas as 655 mil mortes anuais por malária no mundo. O trabalho foi publicado nesta terça-feira na revista Nature Communications, e os pesquisadores pretendem iniciar testes em humanos dentro de dois a três anos. Para que a vacina seja totalmente aprovada, as pesquisas ainda podem durar pelo menos uma década.
"As vacinas contra a malária são notoriamente difíceis de desenvolver", disse Adrian Hill, da Universidade de Oxford, que trabalha no projeto. Essa vacina incorpora descobertas publicadas no mês passado pela mesma equipe, apontando o receptor de uma proteína específica, a RH5, como sendo crucial para que o parasita da malária penetre nas células vermelhas do sangue, onde ele se espalha e se multiplica.
A vacina segue a proposta, anunciada pelos pesquisadores em novembro, de tentar bloquear esse processo. A equipe disse que não foi encontrada nenhuma cepa do "P. falciparum" que conseguisse furar a barreira. Em outubro, o laboratório britânico GlaxoSmithKline publicou dados de um grande estudo feito na África, mostrando que sua vacina experimental RTS,S reduzia pela metade o risco de crianças contraírem malária, que é transmitida por insetos. Outras equipes mundo afora trabalham com abordagens diferentes na tentativa de desenvolver a primeira vacina contra a doença.
Os especialistas dizem que o mundo conseguiria eliminar a malária nas próximas décadas se tiver as ferramentas adequadas, mas alertam que a vacina precisará ser mais eficaz que a RTS,S. "Ao contrário da RTS,S, que busca impedir que o parasita chegue ao fígado, essa vacina RH5 está tentando matar o parasita no sangue", explicou por telefone Simon Draper, do Instituto Jenner, de Oxford, também envolvido na pesquisa. "Então, pode ser possível que a vacina RH5 venha a complementar a RTS,S."
"No fim das contas, não sabemos até testarmos a nossa vacina em humanos se ela será mais eficaz que a RTS,S. Mas esses dados sobre a RH5 estão entre os mais animadores no terreno atualmente."

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