Uma equipe de pesquisadores brasileiros e norte-americanos desenvolveu um novo polímero à base de milho que pode substituir o bisfenol A.
O bisfenol A (BPA) é um composto usado na fabricação de polímeros utilizados em embalagens plásticas de alimentos, em mamadeiras e no revestimento interno de latas. Ele está sendo banido em diversos países, incluindo o Brasil.
"Esse novo polímero é importante tanto pelo fato de ser proveniente de insumos da biomassa - e, portanto, uma alternativa aos derivados de petróleo - como também por substituir o bisfenol A em resinas epóxi", afirmou o professor Luiz Henrique Catalani, do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o pesquisador, o composto que está sendo proibido em diversos países - por ser um mimetizador de estrógenos (hormônios), entre outros efeitos - é utilizado em diversos produtos como um agente plastificante.
Já em resinas epóxi, a substância é a base (monômero) do polímero. "Estamos propondo uma nova estrutura molecular correspondente ao bisfenol A para substituí-lo em resinas epóxi, que é o isosorbídeo", disse, referindo a um composto que é derivado da glicose do milho.
O pesquisador pretende utilizar o novo polímero derivado do isosorbídeo para desenvolver um suporte ao crescimento de diversos tipos de células, que representa o primeiro passo para se tentar produzir tecidos artificiais, como tecido ósseo ou para reconstituição de tímpano.
A equipe de Catalani na USP está desenvolvendo também estruturas chamadas hidrogéis. Formados por redes de polímeros, essas estruturas que absorvem água em grandes quantidades podem atuar como "curativos inteligentes", realizando a liberação controlada de fármacos, como antibacterianos e antifúngicos.
"Já temos três patentes depositadas no Brasil na área de hidrogéis. Mas não temos um produto final porque ainda não fechamos com nenhuma empresa interessada em produzi-lo", disse.
Já produzido em escala comercial a partir do milho, o isosorbídeo também poderia ser obtido a partir de outras matérias-primas, como a cana-de-açúcar.
"Certamente, a cana-de-açúcar seria uma alternativa para obter esse produto, porque dela se obtém glicose em grande quantidade", explicou.
Além de interesse para o Brasil, esta seria uma alternativa para evitar as crescentes críticas ao uso de produtos alimentícios para a substituição de insumos industriais e, sobretudo, para os biocombustíveis.
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