De salgadinhos a sopas instantâneas, passando por
bebidas, o aproveitamento de resíduos industriais pode contribuir para a
produção de alimentos de qualidade e, ainda por cima, mais baratos.
Carlos Wanderlei Piler de Carvalho,
pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, coordena projeto que
reaproveita bagaço de cana de açúcar, de cevada, cascas de maracujá e arroz
quebrado para desenvolver alimentos nutritivos, saborosos, funcionais e,
principalmente, a custos mais baixos.
"Além de oferecer um destino para
rejeitos produzidos nas indústrias sucroalcooleira, de sucos e de cerveja,
representa também vantagem econômica para quem produz e para quem consome, além
de ser benéfico para o meio ambiente", explica Piler.
A técnica utilizada para a produção
desses alimentos já é conhecida. Apesar do nome pouco sonoro, a extrusão
termoplástica - processo de tratamento térmico, que por uma combinação de
calor, umidade e trabalho mecânico, modifica profundamente as matérias primas,
dando-lhes novas formas, estruturas e características funcionais e nutricionais
- tem resultados bastante apreciados.
De acordo com Piler, o produto mais
difícil de ser processado é o bagaço da cana, por ser bastante fibroso.
"Ele contém cerca de 30% de lignina, a mesma fibra da casca das árvores.
Mas seu alto teor de celulose, parte de fibra insolúvel, traz benefícios para o
consumidor, ajudando a regular o intestino. Além disso, ele possui um sabor
adocicado", garante o pesquisador.
Com a farinha do bagaço da cana ou com o
da cevada, ricos em fibras, é possível desenvolver pães, biscoitos e sopas.
Já a farinha da casca do maracujá serve para criar bebidas cremosas e
biscoitos. O pesquisador orienta um grupo de doutorandos que estuda a
fabricação de uma bebida nutritiva à base de cereais, entre eles o arroz.
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