A cana-de-açúcar tem sindo alvo de inúmeros genéticos, fisiológicos e agronômicos. O que se quer é conhecer mais profundamente a planta e suas peculiaridades com o intuito de aumentar a produtividade dessa gramínea trazida pelos portugueses ao Brasil ainda no século XVI. A meta final é produzir mais etanol em um mesmo hectare de terra. Para isso contam também as pesquisas para tornar a cana mais adaptada à chamada segunda geração de produção de álcool, quando enzimas vão aproveitar os açúcares que são recuperados do bagaço de cana para a formação de uma espécie de sopa e então produzir mais biocombustível.
O último resultado das pesquisas confirma que o colmo e as folhas da cana, que compõe o bagaço da cana, possuem mais açúcares, substâncias primordiais na elaboração do etanol, na porção hemicelulose do que na celulose, um conhecimento que pode mudar os rumos da produção de etanol de segunda geração no futuro.
"A tecnologia que se está desenhando hoje para a futura segunda geração de etanol se baseia apenas na celulose, enquanto os polímeros de açúcares das hemiceluloses, que contêm açúcares complexos como os arabinoxilanos, betaglucanos e xiloglucanos, são deixados de lado, além das pectinas, que juntos representam 70% dos açúcares na parede celular da cana”, diz Marcos Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do Bioetanol.
O aproveitamento futuro por meio da hidrólise das pentoses do bagaço, que são os açúcares de cinco carbonos, pode levar a um aumento de etanol estimado em, pelo menos, mais 5 bilhões de litros na produção brasileira, hoje com cerca de 25 bilhões de litros. A utilização das pentoses também poderá se dar no uso em aplicações biotecnológicas, em alimentos e medicamentos, agregando valor comercial ao bagaço. Nos processos de segunda geração, as enzimas formam um líquido que também serve de alimento para as mesmas leveduras.
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