sábado, 1 de setembro de 2012

Sequenciamento do genoma do 'homem de Desinova' comprova miscigenação entre seres humanos

Réplica do osso do dedo descoberto
na caverna de Desinova em 2010

Na última quinta-feira, 30.08, foi anunciado o sequenciamento completo do genoma do chamado "Homem de Desinova", hominídeo descoberto em 2010, na Sibéria.
Tudo o que os pesquisadores tinham eram um pedaço de dedo e dois dentes, porém foi com esses fragmentos fósseis que conseguiram confirmar que o genoma do ser humano moderno contém genes em comum com os Desinovas, comprovando a miscigenação entre espécies ainda no período pré-histórico.

A técnica utilizada para o sequenciamento completo do DNA a partir dos pequenos fragmentos foi desenvolvido pelo grupo de Svante Paabo, do Instituto Max Planck para Antropologia Evolucionaria, em Leipzig, Alemanha, e foi usado para comparar genomas do ser humano moderno de diversas partes do planeta.

O estudo descobriu que existem genes em comum entre os hominídeos e o Homo sapiens, porém a quantidade varia de acordo com o local de origem do H. sapiens. Amostras oriundas de Papua Nova Guiné (no Pacífico), por exemplo, foram as campeãs, seguidas em segundo por amostras sul-americanas e da Ásia - este segundo grupo, porém, reflete uma miscigenação entre neandertais e Desinovas maior que uma contribuição direta dos Desinovas.

De acordo com o professor de genética da Universidade de Harvard, David Reich, o cruzamento ocorreu, provavelmente, entre mulheres Homo sapiens e homens de Desinova.

A idade dos ossos ainda é incerta, pois cientistas afirmam que estas possuem entre 47 mil e 82 mil anos, enquanto arqueólogos apontam que as amostras datam de 30 a 50 mil anos atrás. Esperam, agora, que uma possível nova amostra esclareça a idade real dos fósseis, através do processo do Carbono 14.

Apesar das informações do genoma, não é possível ter uma ideia clara da aparência dos Desinovas a partir de seu DNA. Podem afirmar, apenas, que as amostras são de uma mulher jovem, de pele escura e olhos e cabelos castanhos.

Para o ano que vem, o grupo de pesquisadores promete sequenciar o genoma completo do neandertal.


O estudo foi publicado na edição desta semana do periódico científico Science (em inglês).

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