Uma substância encontrada em algas brasileiras poderá substituir a heparina animal -- principal composto anticoagulante usado em cirurgias -- em menos de dez anos.
A heparina é uma substância encontrada no intestino de animais, como porcos e bois, e muito utilizada pela medicina como anticoagulante e no combate da trombose. Sem ela, seria praticamente impossível realizar cirurgias. Dificílima de ser fabricada em laboratório, foi introduzida ao mercado na década de 1930 e atualmente só possui produção em escala, porque aproveita o abate de animais da indústria alimentícia. No entanto, devido a dificuldade de produção e o risco de contaminação, a procura por um substituto da heparina animal tornou-se uma obsessão de alguns grupos científicos e da indústria farmacêutica. Como a heparina é um composto difícil de ser produzido em larga escala, os cientistas procuraram achar a resposta na natureza.
A alternativa mais promissora pode estar nas algas marinhas, organismos vegetais que existem em grande abundância nos oceanos. O engenheiro de pesca Wladimir Farias, da UFC, encontrou um composto em algas vermelhas (Botryocladia occidentalis) do Ceará que funciona como a heparina, mas sem os efeitos indesejáveis.
Em laboratório, Wladimir conseguiu produzir a substância (mas também em pequenas quantidades) e percebeu que ela consegue descoagular o sangue e diminuir a trombose em ratos, mesmo em doses altas. Agora, Farias receberá o apoio de uma empresa brasileira da indústria farmacêutica para viabilizar o passo que falta para a substituição definitiva da heparina animal: a produção em larga escala.A grande dificuldade será reproduzir as condições de nascimento e desenvolvimento do vegetal em laboratório, e levar isso para o ambiente marinho, já que cada alga possui particularidades durante o desenvolvimento, como temperatura da água, profundidade, quantidade de luz e nutrientes e longevidade.
Além disso, a molécula descoberta nas algas vermelhas possuem outras aplicações como no combate os efeitos do veneno de cobras.
Fonte: VEJA
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