terça-feira, 25 de setembro de 2012

Novo bioconservante

A indústria alimentícia faz mão do uso de conservantes para diminuir a possibilidade de contaminação dos alimentos por microrganismos. Porém, os conversantes mais utilizados podem alterar o sabor dos alimentos e ainda, a longo prazo, induzir a resistência de bactérias à substâncias do nosso organismo que inibem o crescimento desses microrganismos.
Pesquisadores da Universidade Positivo (situada em Curitiba-PR) descobriram, com auxílio da biotecnologia industrial, uma possível solução alternativa para esse problema. A alternativa é um bioconservante feito à partir da fermentação do melaço de soja por lactobacilos, bactérias essas que não causam mal à saúde do consumidor.
Os lactobacilos, na fermentação, produzem proteínas biologicamente ativas, denominadas bacteriocinas, que impedem a atuação de outras bactérias. Diferentemente dos outros conservantes, essas bacteriocinas não são capazes de induzir a resistência dos agentes infecciosos porque elas tem origem em um processo natural.
Karine de Queiroga Bucholdz, tecnóloga em alimentos que desenvolveu o bioconservante durante seu mestrado, explica que inicialmente esse produto foi elaborado com a intenção de uso na conservação de ração animal, mas que ele também pode ser utilizado em alimentos para consumo humano. A pesquisadora ressalta que bacteriocinas produzidas por lactobacilos já vem sendo utilizadas como conservantes de alimentos. A diferença é que normalmente é utilizado um caldo específico para a cultura dos lactobacilos que é aproximadamente 160 vezes mais caro que o melaço de soja.
Após dois anos de estudos, a pesquisadora selecionou quatro cepas de lactobacilos que se mostraram eficazes contra bactérias patogênicas e obteve um substrato que inibe a ação de patógenos como Clostridium perfringensEscherichia coli e Salmonella spp.
Bucholdz frisa que o bioconservante tem capacidade de substituir o uso de conservantes sintéticos, mas que sua utilização não dispensa as indústrias alimentícias do uso de boas práticas de fabricação. A pesquisadora acredita também que produto poderá ser utilizado para desinfecção de ambientes, porém ainda são necessárias pesquisas que venham a comprovar a eficácia dessa utilização.
Atualmente Bucholdz, juntamente com uma empresa de derivados de soja, trabalha no desenvolvimento de um processo de produção desse bioconservante em escala industrial e a patente do processo de produção dessa substância foi recentemente depositada no Instituto  Nacional da Propriedade Industrial.



Fonte: Ciência Hoje

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