domingo, 27 de novembro de 2011

O Segredo escondido das Samambaias


Botânicos de São Paulo, em colaboração com colegas dos Estados Unidos, verificaram que a parede celular de várias espécies de samambaias apresenta uma composição diferente de outras estruturas de revestimento de plantas já caracterizadas. Eles acreditam ter identificado um terceiro tipo de parede celular, rica em manose, um tipo de açúcar que forma polímeros chamados mananos e aparece em proporções baixas em outros tipos de parede. Além de mais informações sobre a estrutura e a evolução do mundo vegetal, o estudo pode favorecer o aproveitamento de outras plantas – de paredes externas menos resistentes – para produzir biocombustíveis e papéis com características especiais.
O trabalho resulta de uma colaboração entre Giovanna Silva, Marcos Buckeridge e outros pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Jefferson Prado, do Instituto de Botânica, e Nicholas Carpita, da Universidade Purdue, Estados Unidos. Carpita foi um dos botânicos que identificaram os dois primeiros tipos de parede celular, deixando implícito o pressuposto – agora desfeito – de que qualquer planta deveria ter um tipo ou outro.
Por ser tão abundante nas samambaias, a manose poderia ser usada para produzir biocombustíveis. “Duas enzimas podem quebrar o manano e produzir manose livre, que pode ser fermentada por meio de leveduras”, diz Buckeridge, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do Bioetanol, com sede na USP, e diretor científico do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), em Campinas. As pesquisas em andamento visando à produção de etanol celulósico ainda esbarram na dificuldade de processar pentoses como a xilose, um dos açúcares mais abundantes da parede celular da cana-de-açúcar, a gramínea mais utilizada no Brasil para a produção de etanol. Quebrar as moléculas de lignina persiste como um problema ainda mais difícil.

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