Uma antiga promessa das pesquisas com células-tronco - de criar novos órgãos para substituir aqueles que venham a falhar - pode estar um passo mais perto de ser alcançada. Cientistas japoneses conseguiram desenvolver um "broto" de fígado humano em laboratório que, ao ser transplantado em um camundongo, se transformou em um órgão funcional.
O grupo trabalhou com as chamadas células-tronco de pluripotência induzida (iPS), as vedetes das pesquisas da área. Criadas a partir de reprogramação de células adultas, elas são tão versáteis quanto as células-tronco embrionárias, que têm a capacidade de se diferenciar em qualquer célula e tecido do corpo, com a vantagem de não precisar destruir um embrião para obtê-las.
Vários trabalhos já mostraram com sucesso a diferenciação das iPS e de outras células-tronco em diversas células específicas do corpo, mas nenhum deles havia sido bem sucedido em criar um órgão tridimensional e vascularizado.
Foi exatamente isso que conseguiu o trabalho publicado hoje na revista científica Nature. Como escrevem no artigo, os pesquisadores da Universidade da Cidade de Yokohama buscaram reproduzir o processo natural de organogênese.
A partir de células iPS humanas, eles primeiramente obtiveram células hepáticas que, misturadas com outras células, foram estimuladas in vitro e geraram um precursor do fígado.
Em seres humanos, esse broto é formado logo no início da gestação, por volta da 5.ª ou 6.ª semana. "Basicamente, nós mimetizamos esse estágio bem inicial de formação", explicou Takanori Takebe, líder do estudo, em coletiva à imprensa.
Esse broto de órgão foi então transplantado para o crânio do animal, de modo que fosse possível observar por uma espécie de janela como ele estava se desenvolvendo. A vascularização deu certo e ele amadureceu, se transformando em tecido hepático. Depois, era preciso descobrir se ele era funcional.
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