Os
pesquisadores brasileiros, Marco Prado e Glaucia Hajj, e seus colaboradores em São Paulo e no Rio de
Janeiro demonstram nos últimos anos que o príon celular (PrPC)
é fundamental para o desenvolvimento saudável e a sobrevivência dos
neurônios. No ano passado o grupo comprovou que o beta-amiloide impede o
funcionamento adequado do PrPC, fenômeno que parece ser comum nos estágios iniciais do Alzheimer, antes que as células comecem a degradar e morrer.
Morco Prado e a bioquímica Vilma Martins, do Hospital A.
C. Camargo, em São Paulo, aguardam para os próximos meses a publicação
de dois artigos importantes sobre o papel do príon celular em doenças
cerebrais. Um deles representa um passo à frente das ideias discutidas
em Veneza. Nesse trabalho, sobre o qual Vilma e Marco só falam sem dar
detalhes, eles apresentam evidências de que interferir na comunicação
entre o beta-amiloide e o PrPC pode evitar os efeitos tóxicos causados pelo oligômero, que se forma nos estágios iniciais do Alzheimer.
Os pesquisadores brasileiros foram os primeiros a investigar as
proteínas que, assim como o beta-amiloide, também se ligam ao PrPC – em especial, a stress inducible protein-1
ou STI-1. Vilma estuda essa proteína desde os anos 1990, quando começou
a trabalhar com o oncologista Ricardo Brentani, e foi a primeira a
produzir sua versão sintética. No início deste ano, ela e Marco
obtiveram nos Estados Unidos a patente provisória para utilizá-la como
um neuroprotetor.
Em experimentos feitos nesses 15 anos, Vilma e sua equipe
demonstraram que a STI-1 é uma companheira quase inseparável do príon
celular. Produzida por outra célula cerebral – o astrócito –, ela viaja
no meio extracelular até a superfície do neurônio, onde adere à proteína
príon celular e dispara comandos químicos que favorecem a sobrevivência
da célula. Vilma tenta agora usá-la para bloquear o efeito tóxico do
beta-amiloide.
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