sexta-feira, 3 de junho de 2011

Entrevista: produção de celulases visando produção de biocombustível

Olá a todos!
                Nesse post, teremos uma entrevista feita por nós da Biotec Júnior (Empresa Júnior de Biotecnologia ) com a graduanda Bianca Bussamra, do 4º ano de Engenharia Biotecnológica da UNESP Assis. A aluna vem desenvolvendo um projeto de iniciação científica muito interessante na área de microbiologia, intitulado ‘Produção de Celulase a partir de fungos em diferentes temperaturas e pH e imobilização parcial da enzima’, fomentado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e orientado pelo Prof. Dr. Pedro de Oliva Neto.
O projeto consiste, resumidamente, na produção de celulases a partir de fungos visando a produção de bicombustível a partir de biomassa lignocelulósica, sendo esta biomassa vista hoje apenas como resíduo gerado pelas industrias. 

O que fez você se interessar por tal assunto? 
Bianca BussamraEu sempre gostei dessa área do conhecimento, que engloba a bioquímica, microbiologia e assuntos correlacionados a biocombustíveis. Além disso, essa área está em foco no mundo todo devido à corrida pela substituição dos combustíveis fósseis e o Brasil é o maior produtor mundial da cana-de-açúcar, detendo  42,5% da produção mundial de etanol. Assim, uni o útil ao agradável!

Já se consegue pensar se seria viável o acesso das indústrias a essa enzima?
Bianca BussamraAs pesquisas direcionadas ao bioetanol de segunda geração, aquele proveniente a  partir do bagaço, ainda está em fase inicial no Brasil. Os estudos que são feitos prevêem sempre uma viabilidade financeira em linha de produção industrial, como por exemplo  técnicas e reagentes baratos. Futuramente, almeja-se estender esses projetos, como é o caso das enzimas, para a produção nacional, mas hoje isso ainda não passa de pesquisa.

 O projeto de pesquisa foi financiado por alguma instituição? Se sim qual? Você considera que o fato de hoje a grande busca por bicombustíveis facilitou o acesso ao financiamento?
Bianca Bussamra – O projeto está sendo financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). No cenário mundial, é de extrema importância agregar valor a resíduos que antes eram descartados ou até prejudiciais ao meio–ambiente. Assim, eu acho que o fato do projeto estar focado nesse reaproveitamento e possível prospecção à produção de combustíveis renováveis facilitaram o acesso ao financiamento.

O fato de usar esses resíduos, que hoje são descartados, é mais importante do ponto de vista ecológico ou financeiro?
Bianca Bussamra – Em ambos os pontos o reaproveitamento é importante. Na questão ficanceira, se o Brasil detivesse a técnica do uso do bagaço para a produção do bioetanol, a produção aumentaria em até 50%, uma quantia bastante considerável. Já no caso ecológico, o reaproveitamento reduziria os problemas de estoque desse material e diminuiria a quantidade de cana plantada, uma vez que a mesma quantidade de terra teria capacidade produtiva de etanólica de 50% maior. Isso evitaria o desmatamento de novas áreas, reduziria as queimadas e, consequentemente, a emissão de CO2 e a eliminação de micronutrientes e da vida microbiológica existente nesses solos. Além disso, o uso de pesticidas e fertilizantes também diminuiria, prevenindo a contaminação de lençóis freáticos.

Você acredita que o bicombustível processado por celulase é viável financeiramente?
Bianca Bussamra – Na verdade, o etanol gerado a partir da cana-de-açúcar (primeira geração) e a partir do bagaço (segunda-geração) são processados da mesma forma. A única coisa que muda é a fonte do açúcar (matéria-prima)  que no caso do primeiro, é proveniente da cana, e do segundo, é  proveniente do bagaço. As enzimas atuariam na “preparação” do bagaço para esse processo, uma vez que deixariam a celulose disponível em forma de glicose. Esse processo é viável devido ao fato do baixo custo dessa matéria-prima.

Como está sendo o desenvolvimento do seu projeto? Você vem enfrentando problemas? Se sim, qual foi sua estratégia para contorná-los?
 Bianca Bussamra – Os imprevistos fazem parte da vida de um pesquisador. Às vezes surgem problemas relacionados à metodologia empregada, às vezes à forma de conduzir o experimento e até mesmo de falta de materiais e tempo. É muito importante trabalhar sempre com humildade e tirando as dúvidas com os companheiros de laboratório e com seu orientador.

Você já possui algum resultado parcial de suas pesquisas?
Bianca Bussamra – Até o atual estágio, já identificamos fungos com potencial de produção de enzimas celulolíticas bem maiores que o Trichoderma reesei, fungo modelo na produção de celulase.

Na sua opinião, qual a importância de um projeto de iniciação científica para sua vida profissional?
 Bianca Bussamra – O projeto de iniciação científica é muito importante não só aos alunos que querem seguir a vida acadêmica, mais também àqueles que almejam uma carreira industrial ou empresarial. Isso porque um projeto requer de você planejamento, prática de trabalho em grupo, responsabilidade, entrega de tarefas no prazo, organização e administração do próprio tempo.

Qual o tempo previsto de duração de seu projeto?
 Bianca Bussamra – O projeto está programado para ser realizado no período de um ano.

Agradecemos muito à entrevistada, e desejamos muito sucesso no término de seu projeto, e em seu futuro profissional.

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