Um medicamento indicado para uma pessoa nem sempre pode ser eficaz
para outra que sofra da mesma doença. O que tem efeito positivo em um paciente
pode desencadear reações indesejáveis em outro.
A farmacogenética (ou
farmacogenômica) pode identificar os fatores genéticos que explicam a
variabilidade individual na resposta aos medicamentos. A maior parte da
resposta aos medicamentos é poligênica. Para alguns medicamentos, porém, há uma
situação monogênica. A variação genética pode ser em um gene.
“O que temos hoje em dia é uma
discussão em torno de pares: um gene, um medicamento”, disse o farmacologista
Guilherme Suarez-Kurtz, chefe do Programa de Farmacologia do Instituto Nacional
do Câncer (Inca), que participou do simpósio Medicina Translacional, realizado
pela Academia Brasileira de Ciências em novembro.
“Um paciente, por apresentar essas
características genéticas, tem um risco aumentado de sofrer efeitos colaterais.
A genotipagem prévia vai mostrar que a variabilidade genética desse paciente
pode aumentar o risco de efeitos tóxicos. É uma mudança de paradigma, uma nova
e mais precisa variável”, disse Suarez-Kurtz à Agência FAPESP.
A genotipagem prévia pode, assim,
possibilitar a aplicação de terapias individualizadas. “A forma de se usar
essas informações no acompanhamento do paciente se dá sugerindo uma alteração
de medicamento ou uma alteração de dose, ou dizer simplesmente que este
paciente não pode fazer o tratamento, porque ele vai ter efeitos colaterais e
irá interromper a terapia”, explicou.
O fator genético não explica toda a
variabilidade na resposta aos medicamentos. “A resposta aos medicamentos é um
fenótipo complexo, um processo que envolve vários fatores. Fatores demográficos
(como peso, idade, sexo) e clínicos, função renal, função hepática, hábitos
alimentares, tabagismo, alcoolismo, enfim, são inúmeros os fatores que podem
afetar a resposta aos medicamentos. As variáveis genéticas são um desses
fatores. Então, para alguns medicamentos o fator genético é determinante,
enquanto para outros o importante a se levar em conta é a idade, e para outros
o peso”, concluiu o cientista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário