A
obesidade é uma doença crônica, multifatorial, de prevalência crescente, e
atualmente representa um dos maiores desafios de saúde pública em todo o mundo.
Esta doença induz anormalidades metabólicas que influenciam no desenvolvimento
de diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, associadas a um alto risco de
morbidade e mortalidade. Muitas vezes, dieta, alterações do comportamento e a
realização de exercícios regularmente são insuficientes para a perda de peso
consciente ou para a manutenção do peso perdido. Portanto, muitas vezes, é
necessário um tratamento farmacológico em conjunto com os outros fatores já
citados.
Entre
os vários tratamentos farmacológicos para o controle da obesidade, existe o
tratamento com a sibutramina. Este fármaco e seus metabólitos têm ação sobre o
sistema nervoso central, atuando como inibidor da recaptação de noradrenalina e
serotonina, e é classificado terapeuticamente como anorexígeno. É indicada em pacientes com IMC (índice
de massa corpórea) maior
ou igual a 30 kg/m2, ou maior ou igual a 27 kg/m2 associado a algum fator de risco como
hipertensão. No mercado brasileiro este fármaco encontra-se disponível
com nomes comerciais como Reductil ® (Abbott), Plenty ® (Medley), Cloridrato de
sibutramina monoidratado (Medley), além de outros produtos que estão em
lançamento e os formulados pelas farmácias magistrais. As principais
apresentações farmacêuticas disponíveis no comércio são cápsulas de 10 e 15 mg,
de preparação industrial, e cápsulas obtidas por manipulação.
A
sibutramina exerce suas ações farmacológicas predominantemente através de seus
metabólitos amino secundário (M1) e primário (M2), que são inibidores da
recaptação de noradrenalina, serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT) e dopamina.
O composto de origem, a sibutramina, é um potente inibidor da recaptação de
serotonina. Amostras plasmáticas obtidas de voluntários tratados com
sibutramina causaram inibição significativa tanto da recaptação de
noradrenalina (73%) quanto da recaptação de serotonina (54%), mas sem inibição
significativa da recaptação da dopamina (16%).
A
sibutramina e seus metabólitos (M1 e M2) não são agentes liberadores de
monoaminas. Eles não apresentam afinidade para um grande número de receptores
de neurotransmissores. Em modelos experimentais em animais utilizando ratos
magros em crescimento e obesos, a sibutramina produziu uma redução no ganho de
peso corporal. Acredita-se que isto tenha resultado de um impacto sobre a
ingestão de alimentos, isto é, do aumento da saciedade, mas a termogênese
aumentada também contribuiu para a perda de peso. Demonstrou-se que estes
efeitos foram mediados pela inibição da recaptação de serotonina e
noradrenalina.
A
sibutramina é bem absorvida e sofre extenso metabolismo de primeira passagem.
Os níveis plasmáticos máximos (Cmax) foram obtidos 1,2 horas após uma única
dose oral de 20 mg de cloridrato de sibutramina monoidratado, e a meia-vida do
composto principal é de 1,1 horas. Os metabólitos farmacologicamente ativos M1
e M2 atingem Cmax em 3 horas, com meia-vida de eliminação de 14 e 16 horas,
respectivamente.
A
farmacocinética da sibutramina e seus metabólitos em indivíduos obesos é
semelhante àquela observada em indivíduos de peso normal. O índice de ligação
às proteínas plasmáticas da sibutramina e seus metabólitos M1 e M2 é de 97%,
94% e 94%, respectivamente. O metabolismo hepático é a principal via de
eliminação da sibutramina e de seus metabólitos ativos M1 e M2.
Os efeitos colaterais mais comuns associados à sibutramina
são boca seca, dor de cabeça, constipação, e insônia. A sibutramina também pode aumentar levemente a
pressão sanguínea de alguns pacientes. Desta forma, é recomendado que pessoas
tomando sibutramina tenham a pressão sanguínea monitorada. Este fármaco é contraindicado
para aqueles que apresentam pressão alta sem
controle, histórico de AVC, doença cardíaca ou arritmia cardíaca.
Letícia
Rustici Chica
Referências
CORREA, Lívia L. et al .
Avaliação do efeito da sibutramina sobre a saciedade por escala visual
analógica em adolescentes obesos. Arq
Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 49, n.
2, abr. 2005 .
MANCINI, Marcio C.;
HALPERN, Alfredo. Tratamento Farmacológico da Obesidade. Arq Bras Endocrinol
Metab, São Paulo, v. 46, n. 5, out. 2002 .
DIEFENBACH, Isabel C. et al.
Desenvolvimento
e Validação de Metodologia Analítica
para
o Doseamento de Sibutramina em Cápsulas. Latin American Journal of Pharmacy, 27 (4): 612-7 (2008), May 15, 2008.
HALPERN, Alfredo et al . Experiência clínica com o uso conjunto de
sibutramina e orlistat em pacientes obesos. Arq
Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 44, n.
1, fev. 2000 .
Autoria
desconhecida. Disponível em: http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM%5B25274-1-0%5D.PDF.
Acesso em: 14 jun. 2013
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