A ação de um microrganismo descoberta no outro lado do mundo poderá dar origem a um plástico biodegradável produzido a partir da cana-de-açúcar. Pesquisadores da Universidade de Ryukyus, em Okinawa, no Japão, descobriram no melaço da cana uma variedade da bactéria Bacillus coagulans capaz de fermentar o açúcar em alta temperatura, até 54ºC. No caso do caldo fermentado para a produção de etanol, que utiliza a levedura Saccharomyces cerevisiae, a temperatura vai até 34°C. Se passar disso o microrganismo morre. O ambiente suportado pela B. coagulans evita a presença de outros microrganismos, o que diminui o custo em relação a gastos para evitar a contaminação do processo. Agora uma parceria entre os japoneses, a Universidade de São Paulo (USP) e a empresa Biopol, com sede em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo, tenta viabilizar a produção do polímero, primeiro em escala-piloto.
O líder do grupo brasileiro, Cláudio Oller, professor do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), explica que para evitar a contaminação em temperaturas abaixo de 30ºC a solução é realizar o processo num recipiente fechado e esterilizado, mas isso é mais difícil e caro. “É aí que está a grande vantagem da bactéria descoberta pelo professor Shinichi Shibata”, diz Oller. “Como ela atua em altas temperaturas, não sofre a competição de outros microrganismos. Por isso, a fermentação ocorre num ambiente aberto e mais barato.”
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