O constante aumento populacional vem sendo acompanhado de impactos
ambientais negativos. A produção de resíduos pelo consumo exacerbado é em
grande parte responsável por essas alterações no meio ambiente. Os resíduos
sólidos têm sido um grande problema para a administração pública. A gestão e a disposição inadequada destes causam graves
impactos socioambientais, tais como a contaminação de corpos d’água, enchentes,
proliferação de vetores transmissores de doenças, além da poluição visual, mau
cheiro e contaminação do ambiente. Só em 2010, o Brasil produziu
cerca de 61 milhões de toneladas de lixo e, em mais da metade dos municípios do
país, os detritos são simplesmente despejados e esquecidos nos aterros
sanitários, sem qualquer tipo de tratamento. O lixo é um material indesejável,
porém sua produção é inevitável. Logo, torna-se necessário uma gestão de
reaproveitamento máximo de todos esses materiais descartados diariamente.
Enquanto países
desenvolvidos gastam cerca de 200 bilhões de dólares por ano com a eliminação
de seus resíduos, o Brasil destina apenas 5 bilhões de dólares. Segundo
especialistas, se o lixo tivesse destinação adequada, pelo menos 10% de nossa
energia poderia ter como fonte o biogás, constituído basicamente por metano e
dióxido de carbono liberado pelos detritos. Além de excelente solução
ambiental, o tratamento correto dos detritos ajudaria a economia de forma
significativa. Atento a esse problema, e com vistas à preservação ambiental,
teve início em fevereiro de 2012, na cidade de Assis, estado de São Paulo, o
projeto “Energia Orgânica. Menos lixo, mais luz”, parceria firmada entre
Prefeitura do município, Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis
(COOCASSIS) e Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).
Com o objetivo de agregar valor à matéria orgânica não
aproveitada, está sendo construído, na Cooperativa de Catadores de Materiais
Recicláveis, um biodigestor anaeróbio. A matéria orgânica proveniente de
grandes geradores, tais como restaurantes, serão reaproveitadas servindo para
alimentar o biodigestor, um aparato tecnológico o qual possibilita transformar
o lixo orgânico em biogás e biofertilizante.
O Biodigestor é um reservatório tubular de 50 metros de
comprimento, feito de uma geomembrana de polietileno extremamente resistente. O
lixo orgânico ali depositado é triturado e misturado com água, para então fluir
lentamente da extremidade de entrada até a de saída do biodigestor enquanto
sofre a ação de bactérias anaeróbias, as quais vão produzir o biogás. O
aparelho será alimentado com cerca de 500Kg de resíduos orgânicos por dia, somando,
assim, aproximadamente 15 toneladas de lixo orgânico por mês, que deixarão de
ser inapropriadamente descartados e terão utilidade. Durante o processo, o material orgânico é convertido em
gás metano e o resíduo sólido que sobra no biodigestor é um
produto final altamente vantajoso se comparado a fertilizantes químicos,
chamado biofertilizante. Estima-se que do lixo orgânico introduzido no
biodigestor, 20% sejam convertidos em biogás e os 80% restante sejam
transformados em biofertilizante.
O biogás é inflamável e, por isso, pode ser aproveitado como
biocombustível, movimentando motores, gerando energia elétrica ou aquecendo casas
e granjas nos meses de frio. Neste caso será convertido em energia elétrica
através de um gerador, sendo essa energia usada na própria cooperativa. A
quantidade de energia gerada será em torno de 25% da utilizada por mês, o que
levará a uma redução de cerca de mil reais nos gastos, aumentando, dessa
maneira, a renda dos cooperados.
O biofertilizante, após ser analisado, poderá ser comercializado
com produtores rurais da região, sendo todo o lucro convertido em renda dos
cooperados. O
biofertilizante é um adubo orgânico natural que apresenta inúmeras vantagens quando comparado com adubos químicos, pois pode ser produzido
através de resíduos e tem caráter de remediação dos solos degradados, apresentando
cerca de 85% de matéria orgânica, 1,8% de nitrogênio, 1,6% de fósforo e 1% de
potássio. “Acreditamos que a conversão de parte do lixo orgânico produzido
no município em biofertilizante e biogás permitirá ampliar e fortalecer as
ações da cooperativa em prol do desenvolvimento sustentável, trazendo
benefícios a toda a comunidade assisense”, afirmam os idealizadores do projeto.
Hoje o biodigestor está em processo final de construção e
tem previsão de entrar em funcionamento até dezembro de 2013. Os cooperados da COOCASSIS entendem que o projeto deverá
trazer novas oportunidades, além de uma maior visibilidade e valorização do
próprio trabalho. Além de fornecer biogás e
biofertilizante, o uso de biodigestor proporciona um menor impacto ambiental e
uma cidade mais limpa para todos.
Andrômeda
Oliveira - Enactus Unesp Assis
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