O pesquisador Eduardo Gorab, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), desenvolveu um método para detectar moléculas de DNA compostas de três fitas entrelaçadas, em vez da tradicional dupla hélice (conformação padrão do ácido desoxirribonucleico).
Gorab e seu grupo de trabalho conseguiu detectar, em embriões de camundogos, uma conformação inusitada de DNA, composta por duas cadeias de DNA ligadas a uma de RNA. Tais triplas hélices foram identificadas num estágio bastante específico e inicial do processo de desenvolvimento do embrião, quando este tinha somente de duas a oito células. Nessa etapa da da formação do embrião, a presença das triplas hélices parecia aumentar a expressão de certos genes importantes para essa fase do processo. Posteriormente, em estágios mais avançados do embrião, quando esse conjunto de genes não era mais ativado, a fita de RNA acoplada às duas de DNA também não era mais detectada, evidenciando assim o papel da tripla hélice no aumento da expressão desse determinado conjunto de genes.
Por definição, a cromatina apresenta duas formas distintas: uma ativa, a eucromatina, em que o DNA está acessível e pode ser expresso por proteínas regulatórias; e uma inativa (heterocromatina), na qual o material genético está compactado e não pode ser utilizado. No trabalho com as células embrionárias dos roedores, a cromatina se encontrava em um estágio atípico, intermediário entre suas duas formas, mas que podia ser acessado e regulado pela tripla hélice.
Embora o fenômeno da formação de moléculas de DNA com mais de duas fitas de ácidos nucleicos seja estudado desde 1950, os bioquímicos passaram a ter uma melhor compreensão dos mecanismos que podem levar ao surgimento desse tipo de material genético menos convencional apenas nos últimos 10 ou 15 anos aumentando assim a compreensão dos eventos genéticos que regulam toda a formação do embrião.
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