sábado, 30 de junho de 2012

"Vacina contra cigarro" bloqueia nicotina no cérebro

Receptor nicotínico
Os especialistas do Weill Cornell Medical College, em Nova York, criaram uma vacina que leva o organismo do vacinado a produzir anticorpos que atacam a nicotina. O estudo, feito com cobaias em laboratório e publicado na revista científica "Science Translational Medicine", mostrou que os índices da nicotina no cérebro dos animais diminuíram 85% após uma dose.


Os cientistas do Weill Cornell Medical College optaram por criar uma vacina baseada em terapia genética que, segundo eles, é bastante promissora: um vírus geneticamente modificado, contendo instruções para a fabricação de anticorpos de nicotina, é usado para "infectar" o fígado do vacinado. Isto transforma o órgão em uma fábrica de anticorpos.
Após receber injeções de nicotina, roedores que haviam sido imunizados apresentaram 85% menos nicotina em seus cérebros do que um outro grupo de ratos que não haviam sido vacinados.
Para Crystal, se tal vacina puder ser criada, "as pessoas saberão que, se começarem a fumar novamente, não vão sentir prazer devido à vacina contra a nicotina, e isso pode ajudá-las a abandonar o hábito".

Para ele, a principal questão que precisa ser resolvida é saber "se os efeitos bioquímicos nas cobaias testadas se traduziriam em uma dependência reduzida em humanos, uma vez que essas dependências podem ser tanto físicas quanto psicológicas".
Também há questões relacionadas à segurança de terapias genéticas em humanos que precisam ser respondidas. 
Se tal vacina fosse criada, haveria também questões éticas. Por exemplo, se a aplicação seria permitia durante a infância, antes mesmo de o vacinado ter adquirido o vício de fumar.

"Temos muita esperança de que esse tipo de estratégia (de desenvolvimento da) vacina possa finalmente ajudar milhões de fumantes que tentaram parar com todos os métodos existentes no mercado hoje, mas sentem que a dependência de nicotina é tão grande, que acaba derrotando todas essas abordagens atuais.", finaliza Crystal.

Fonte: Folha.com

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Novos materiais


Modelo computacional mostra arranjo
 de nanoesferas de cristal líquido dentro de gota
Moléculas de cristal líquido confinadas dentro de gotas nanométricas podem estimular um rearranjo da arquitetura interna e, assim, possibilitar a criação de materiais com novas propriedades. A ideia é defendida por uma equipe internacional de pesquisadores coordenada por Juan de Pablo, da Universidade de Wisconsin-Madison, Estados Unidos, que simulou num modelo computacional a interação entre as moléculas de cristal líquido, material empregado atualmente em telas de computador e de TVs e em termômetros de 
alta precisão, e os chamados surfactantes, compostos que diminuem a tensão superficial de um líquido ou alteram as propriedades de sua superfície 
de contato. Os cientistas constatam que, ao resfriar o sistema, as gotas assumiam a forma de uma nanoestrutura ordenada. Quando a temperatura subia, o arranjo era desfeito. O efeito só se mostrava presente quando havia moléculas de 
cristal líquido interagindo com os surfactantes do sistema. Na ausência delas, o reordenamento não ocorria. “Esse comportamento não era conhecido”, diz De Pablo. Os pesquisadores acreditam que a abordagem pode ser usada para desenvolver dispositivos à base de cristal líquido capazes de detectar toxinas, moléculas biológicas ou vírus.


Confira a matéria na integra: Revista Fapesp

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cientistas criam órgãos a partir de chip

Cientistas do Instituto Wyss, da Universidade de Harvard, desenvolveram, a partir de um chip, um órgão. A ideia para essa descoberta é melhorar os exemplos animais utilizados em experimentos.
Na maioria do experimentos, animais são utilizados para a obtenção de resultados, entretanto, ao passar a pesquisa para uma fase de experimentação em humanos, esses resultados se alteram, devido a diferença genética e fisiológica que o homem possui em relação as outras espécies. Para eliminar essa diferença, esses órgãos criados a partir de chip estão sendo usados para os testes iniciais.
O primeiro órgão produzido pelo instituto foi um pulmão em um microchip que respira, sendo que o chip foi feito com materiais que não prejudicassem as células, que cresceriam sobre ele. Esse microchip possuiria microcanais que por onde circularia fluidos, sendo que esse deslocamento seria capaz de criar expansões e contrações, semelhante ao pulmão humano. Pesquisas realizadas com esse chip mostrou que o comportamento dessas células se alterou em relação aquelas que cresciam em placas normais, passando a ser mais fiel ao nosso organismo.
Mais recentemente, o instituto criou um intestino a partir do chip. Nesse chip, os canais são capazes de criar movimentos ondulatórios semelhantes aos realizados durante a digestão e as células que cresceram sobre esse chip desenvolveram vilosidades semelhantes as existentes no nosso intestino, coisa que não acontecia nas células criadas nas placas normais.
Cada chip oferece a possibilidade de realizar estudos bem mais fiéis ao comportamento no organismo humano, sem necessariamente precisar de um humano para a pesquisa, contextualizando essa pesquisa e fazendo com que não haja surpresas nos resultados obtidos no momento que a pesquisa passar para testes clínicos.

Fonte: INFO Online

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Cientistas fazem mapa de micróbios que vivem no organismo humano


Bactérias | Foto: BBC
O Projeto Microbioma Humano catalogou a identidade genética de muitas bactérias, vírus e outros organismos que vivem em contato íntimo conosco.Não se trata de germes ou criaturas nocivas que precisam ser eliminadas mas, sim, de uma parte 
Com o advento de técnicas cada vez mais avançadas de sequenciamento de DNA, o Projeto Microbioma Humano está sendo capaz de descobrir micróbios que nunca haviam sido vistos antes e observar como eles se comportam em comunidades. E os pesquisadores foram capazes de encontrar mais de dez mil tipos diferentes de organismos que integram o microbioma saudável humano. A maioria desses micróbios, aparentemente, não causa qualquer dano ao organismo. Pelo contrário. Existem cada vez mais evidências de que esses micróbios nos ajudam de várias formas.
Estamos aprendendo sobre o papel que eles desempenham em formar - em vez de simplesmente atacar - nosso sistema imunológico", diz a professora Barbara Methe, do J. Craig Venter Institute. Uma das questões centrais que os pesquisadores perguntaram foi: existe um grupo básico de micróbios que todos os humanos compartilham? Os cientistas encontraram uma variedade de micróbios em diferentes seres humanos e comunidades únicas de micróbios vivendo em diferentes partes do corpo. Mas o que deixou muitos surpreendidos foi que, em partes específicas do corpo, muitos dos micróbios compartilhavam funções semelhantes.
Há um entendimento cada vez maior de que nós adquirimos os nossos micróbios nos primeiros estágios das nossas vidas. "O genoma humano é herdado, mas o microbioma humano é adquirido", explica. "Isso significa que ele tem uma propriedade de se alterar, de mudar, que é muito importante". "Isto nos dá algo com que podemos trabalhar na clínica. Se você pode manipular o microbioma, você pode fazer um microbioma saudável continuar saudável ou rebalancear um que não está saudável". "Isso ainda é território desconhecido. Embora seja território doméstico, ainda estamos descobrindo novas formas de vida nele", diz Relman.

Bibliografia: BBC

terça-feira, 26 de junho de 2012

Bom ou Ruim?


Células cardíacas danificadas por doxorrubicina

   Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) realizaram duas descobertas importantes em um mesmo estudo. Primeiro, eles identificaram a provável causa dos problemas cardíacos que afetam as pessoas tratadas com doxorrubicina, antibiótico naturalmente produzido por bactérias e amplamente usado para combater alguns dos tipos mais comuns de câncer. Em experimentos com ratos, eles verificaram que esse composto destrói a distrofina, proteína que mantém a forma e permite a contração das células cardíacas. No mesmo trabalho, a pesquisadora Érica Carolina Campos, da equipe do patologista Marcos Rossi, encontrou uma forma promissora de reduzir os danos da doxorrubicina no coração.
   Com o tempo, no entanto, verificou-se que a doxorrubicina produz efeitos colaterais que se tornam cada vez mais intensos. O principal deles é a dilatação do coração, que causa insuficiência cardíaca e pode levar à morte. A insuficiência pode ser aguda, observada logo após a administração da primeira dose ao paciente e facilmente tratada, ou crônica, que se manifesta ao longo de meses de tratamento. Atualmente a estratégia para tentar reduzir os danos cardíacos é limitar a dosagem da medicação a algo entre 500 e 550 miligramas por metro quadrado (mg/m2) de superfície corporal – uma pessoa de 1,80 m e 80 quilos tem cerca de 2 m2 de superfície corporal e pode receber uma dose cumulativa máxima de 1.000 a 1.100 mg. Mesmo assim, não se consegue evitar completamente os efeitos tóxicos. “Estima-se que 5% a 35% dos pacientes que recebem dose superior a 400 mg/m2 de antraciclinas apresentam queda nos índices de função cardíaca ou até insuficiência cardíaca”, diz Rossi.
   De posse desse conhecimento, os pesquisadores passaram a buscar formas de reduzir os danos cardíacos causados pelas antraciclinas. Um dos compostos que testaram foi o relaxante muscular dantrolene, que reduz a contração das células ao bloquear a entrada de cálcio. Administrado com a doxorrubicina, o relaxante muscular reduziu a perda de distrofina e os focos de lesão. “Os ratos tratados com dantrolene e doxorrubicina mantiveram função cardíaca semelhante à dos animais controles [que haviam recebido placebo em vez do quimioterápico]”, conta Rossi. “Nossos achados entusiasmam porque abrem a possibilidade de que, no futuro, talvez possam reorientar a prática clínica.”
leia mais aqui

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Estudo revela gripe aviária transmissível entre mamíferos

A revista "Science" divulgou na quinta-feira (21), depois de meses de expectativa, os detalhes de uma pesquisa que tornou o vírus da gripe aviária transmissível entre mamíferos. 


Cientistas dos EUA, do Reino Unido e da Holanda mostram como modificaram geneticamente o vírus H5N1, que causa a gripe aviária, até torná-lo transmissível por via área em ferrets --mamíferos que têm sintomas da gripe semelhante a dos humanos.
Na sua "forma original", esse vírus só é transmitido entre aves ou, raramente, de aves para seres humanos.

Eles fizeram três mutações específicas no vírus e infectaram os ferrets em laboratório. O vírus modificado ainda sofreu mais duas mutações -- o que é comum, pois vírus são bastante instáveis, diferentemente de bactérias. Foi esse "novo" vírus que conseguiu migrar por via aérea dos ferrets contaminados para os sadios.





É impossível estimar com precisão a possibilidade de as mutações feitas em laboratório acontecerem naturalmente no ambiente.
Mas o estudo sugere que todas as mutações necessárias para contaminar um mamífero poderiam acontecer em um único hospedeiro na natureza. Isso, sim, sinaliza um risco de pandemia.


Bibliografia: Folha de São Paulo


domingo, 24 de junho de 2012

Semente de fruta tropical é matéria-prima para substituir ossos do crânio


Apreciado em sucos, cremes ou sorvetes, o açaí, fruto da palmeira Euterpe oleracea, poderá ser usado na produção de um plástico natural e renovável para compor próteses ósseas, principalmente na região da cabeça. Para isso, serão utilizadas apenas as sementes do fruto. A novidade partiu de uma equipe de pesquisadores liderada pelo engenheiro químico Rubens Maciel Filho, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Muito comum na região Norte do país, o plástico de açaí demonstrou ter as mesmas características do poliuretano feito a partir do petróleo. Os testes in vitro indicam que o material é biocompatível e apresenta excelentes propriedades mecânicas e biológicas.
“De acordo com pesquisas recentes, esse fruto tem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e analgésicas, entre outras com interesse em bioaplicações”, explica Maciel, coordenador do Instituto de Biofabricação (Biofabris), um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), sediado na Faculdade de Engenharia Química (FEQ), na Unicamp. As pesquisas começaram em 2009 e o novo polímero, que gerou um pedido de patente, é resultado do trabalho de mestrado e depois de doutorado da pesquisadora Laís Gabriel, ambos sob a orientação de Maciel.
O engenheiro mecânico André Jardini,  pesquisador do Biofabris, diz que o poliuretano é um material muito usado na fabricação de próteses ortopédicas, porque tem compatibilidade com os tecidos vivos. “Além disso, não libera substâncias tóxicas quando implantado”, diz. “Se for de origem vegetal, tem outra vantagem, que é o baixo custo da matéria-prima. A comparação pode ser feita com uma prótese craniana de biocerâmica que custa, em média, R$ 120 mil. Nossa expectativa é de produção de uma similar de açaí com custo cinco vezes menor aproximadamente.”
O processo de produção do novo material começa com a retirada da polpa do fruto numa máquina apropriada para isso. O consumo do açaí na cidade de Belém gera 350 toneladas por dia de despolpados (sementes e bagaço). “E sobra uma biomassa úmida, caroços recobertos de fibras e partículas não solúveis”, explica a professora Carmen Gilda Tavares Dias, do Laboratório de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA), que forneceu as amostras de despolpados, usadas pelos pesquisadores do Biofabris. “Essa biomassa é colocada numa máquina de secagem para retirada das sementes secas.”
© EDUARDO CESAR
Prótese na forma de treliça, produzida com sementes do fruto do açaizeiro
A partir dessa fase começa a produção propriamente dita do poliuretano, feito a partir de uma substância chamada poliol, retirada das sementes. A ela adiciona-se um composto químico com isocianato (um líquido viscoso) e gás hidrogênio dentro de um reator. O passo seguinte é acrescentar nanopartículas de hidroxiapatita, uma substância formada principalmente por fosfato de cálcio, o principal constituinte dos ossos, que é absorvível pelo organismo. O produto final é o polímero de açaí, uma espuma rígida e porosa, que facilita o crescimento ósseo. De acordo com os pesquisadores, ele é mais indicado para implantes e próteses em regiões do corpo que não exigem grande esforço mecânico, como o crânio e a face. “No caso de uma prótese para a cabeça do fêmur, por exemplo, há outros materiais mais resistentes, como o titânio”, diz Jardini.
Se for aprovado nos testes clínicos, pelos quais ainda está passando, o biopoliuretano, desenvolvido no Biofabris com financiamento da FAPESP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), poderá ser uma alternativa precisa e rápida de criar uma prótese ou implante ósseo. O tratamento poderá ser personalizado, de acordo com as necessidades de cada paciente. A partir de uma imagem tomográfica da região lesionada, processada pelo software InVesalius (ver em Pesquisa FAPESP nº 148), desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), de Campinas, será possível produzir uma prótese sob medida. Jardini explica que o primeiro passo para essa personalização é fazer a segmentação, separando tecido mole (pele, músculos, artérias) do tecido duro (osso). “O passo seguinte é gerar uma imagem tridimensional do tecido duro, mostrando a parte faltante. Em seguida, por espelhamento, nós ‘desenhamos’ a prótese. O último passo é enviar essa informação para um equipamento de prototipagem rápida, que fará uma réplica anatômica fiel, camada por camada, do osso inexistente.”

Para Santos o termo biopolímero possui dois amplos significados. “Ele pode ser um biomaterial para uso biomédico ou um polímero obtido a partir de materiais biológicos que não necessariamente é usado em humanos”, explica. Em relação às suas próprias pesquisas, Santos diz que desenvolve um plástico derivado do ácido lático, encontrado, por exemplo, na carne ou no leite, utilizado em fios de suturas e em implantes absorvíveis. “Outro biopolímero com que trabalhamos é o alginato de sódio, derivado de algas”, conta. “O material é um hidrogel, que absorve grande quantidade de água, podendo ser utilizado para cobrir feridas de queimados e de diabéticos, em fraldas e absorventes, além de também poder ser empregado como suporte para cultura de células.” Ambos os trabalhos geraram pedido de patente.A área de biomateriais e biofabricação é um campo em que as pesquisas vêm crescendo em todo o mundo. “A área dos biopolímeros ou biomateriais poliméricos é bastante extensa, devido a ampla variedade de plásticos que podem ser utilizados, como, por exemplo, acrílico, polietileno, polipropileno e PVC”, diz Luís Alberto dos Santos, professor do Laboratório de Biomateriais, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “As pesquisas têm se focado em dois tipos de polímeros: os de alta resistência mecânica, para uso em locais de alta solicitação (coluna, placas, parafusos) e os absorvíveis, que não necessitam de cirurgia para retirada e podem ser utilizados para liberação de drogas e antibióticos.”

link disponível em :Revista Fapesp

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Estudo traz esperança de tratamento para doença do sistema nervoso

Ratos são usados para testar efeito do colesterol em pacientes de doença do sistema nervosoPacientes com a Doença de Pelizaeus-Merzbacher (PMD na sigla em inglês), um transtorno genético incurável, apresentam alterações na mielina, substância que envolve e protege as fibras nervosas, auxiliando a transmissão de mensagens entre os nervos e é uma camada gordurosa que é essencial ao seu funcionamento

Um estudo publicado na revista Nature Medicine mostrou que, em ratos, uma dieta rica em colesterol aliviou os sintomas da doença.
Por conta de anomalias no revestimento de mielina, as mensagens não viajam pelo sistema nervoso, resultando em uma série de problemas que afetam os movimentos e o raciocínio.


Grande Potencial
Os primeiros testes foram feitos em ratos com seis semanas de idade que já apresentavam os sintomas iniciais da doença. Os que foram alimentados com uma dieta normal continuaram a piorar mas, no grupo alimentado com a dieta rica em colesterol, a doença se estabilizou.
Testes adicionais mostraram que iniciar a dieta mais cedo foi mais benéfico. O estudo foi feito apenas com ratos e não se sabe se esse tratamento teria um efeito similar em humanos. Acredita-se que o colesterol desfaz os "engarrafamentos" dentro das células do cérebro. A doença é provocada pela produção excessiva de uma proteína de que a mielina necessita. A proteína em excesso acaba ficando presa dentro das células.

Bibliografia: uol.com.br


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ultrassom contra câncer de próstata



© UNDERGRADUATE RESEARCH JOURNAL / MIT
Representação de célula cancerosa da próstata: novo tratamento
Um novo tipo de tratamento para câncer de próstata, que emprega ultrassom para destruir seletivamente as áreas danificadas pelos tumores, pode representar uma alternativa com menos efeitos colaterais aos tratamentos convencionais, de acordo com um estudo realizado na University College London (Lancet Oncology, abril). Dos 41 homens que participaram dos testes, nenhum apresentou incontinência urinária e apenas um em 10 relatou dificuldades de ereção, as duas consequências mais comuns do tratamento convencional, após passarem pelo procedimento conhecido como ultrassom focado de alta intensidade, que elimina áreas de câncer muito pequenas,  já usado para tratar câncer de mama como alternativa à mastectomia. A maioria dos homens tratados (95%) nessa fase inicial de avaliação da nova terapia estava também sem sinais de câncer depois de um ano.

domingo, 17 de junho de 2012

Bisturi que corta à luz

Como alternativa aos equivalentes importados, pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) e da empresa WEM concluíram o desenvolvimento do protótipo de um bisturi ultrassônico que deve proporcionar aos médicos maior precisão nos cortes que os modelos tradicionais e aos pacientes, uma recuperação mais rápida (USP Online). Um sinal elétrico transmitido ao bisturi excita um conjunto de cerâmicas, que geram o chamado efeito piezoelétrico reverso, vibrando e produzindo movimentos em uma frequência de 50 mil a 55 mil hertz por segundo, bastante superior à detectada pelo ouvido humano. Um conversor amplifica a potência acústica e gera uma vibração longitudinal na haste, que decompõe as proteínas que estão próximas e assim rompe os tecidos. Projetado para cortar tecidos moles, o aparelho possui uma ponta, similar a um alicate, que prende o tecido enquanto o corta e o cauteriza.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP

sábado, 16 de junho de 2012

Leite materno humano bloqueia transmissão do HIV a ratos 'humanizados'

Pesquisa mostrou que animais sensíveis à infecção que receberam o leite de mães saudáveis misturado com o vírus não adoeceram


Um experimento realizado na Universidade da Carolina do Norte, no Estados Unidos, mostrou que, em ratos 'humanizados' (animais manipulados para serem suscetíveis a doenças humanas), o leite materno humano impede a transmissão oral do vírus HIV. Segundo os autores do estudo, quando os animais receberam leite materno misturado ao vírus HIV, a doença não se manifestou, diferentemente de quando foi dada aos ratos uma solução contendo apenas o vírus. Os resultados dessa pesquisa foram publicados nesta quinta-feira a revista Plos Pathogens.


Entre os ratos que foram expostos a solução com o vírus HIV, 100% foram infectados, explica o coordenador do estudo, Víctor García. No entanto, quando os cientistas administraram HIV misturado com leite materno humano saudável, 100% ficaram livres da infecção.


As estatísticas indicam que mais de 15% das novas infecções com o vírus HIV ocorrem em bebês e, sem tratamento, apenas 65% deles sobrevive mais de um ano, enquanto menos da metade chega aos dois anos de vida. O artigo indica que, embora se atribua ao aleitamento um número significativo dessas infecções, a maioria dos bebês amamentados pelas mães soropositivas não tem a infecção, apesar da exposição prolongada e repetida.


Objeto de estudo — Para resolver a questão sobre se o aleitamento transmite o vírus ou protege contra ele, os pesquisadores recorreram a um modelo de rato 'humanizado' em laboratório. "Os ratos são, por essência, resistentes à maioria das doenças que afetam os humanos", afirma García. "Para usá-los neste tipo de estudos, é preciso torná-los parcialmente humanos.


Esses ratos são trabalhados um por um, introduzindo-lhes células-tronco da medula óssea humana às seis semanas de idade", diz García. O vírus HIV infecta somente os chimpanzés e os humanos, mas só deixa os humanos doentes. Com a reconfiguração de células humanas, os ratos tornam-se suscetíveis à infecção com o HIV.


"A próxima etapa do estudo é determinar se o leite de mães infectadas tem o mesmo efeito", anunciou o cientista. Mas, segundo ele, o que já foi estabelecido pela primeira parte do estudo dá novas pistas sobre o isolamento de produtos naturais que poderiam ser usados para combater o vírus.


Fonte: VEJA - Notícia online

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Outra saída


Combinação de radioterapia com quimioterapia evita cirurgia radical em parte dos casos de câncer de reto.


Dois brasileiros assinam este mês o principal artigo da revista mais influente do mundo na área de oncologia: a CA – A Cancer Journal for Clinicians, editada pela Sociedade Americana do Câncer e referência em terapia oncológica para cirurgiões e clínicos. No texto, escrito a convite dos editores do periódico, os cirurgiões Angelita Habr-Gama e Rodrigo Oliva Perez analisam quase 200 trabalhos recentes sobre a terapia de tumores de reto e concluem: não é mais possível pensar em uma estratégia única para tratar todos os casos. O avanço dos exames de imagem, que facilitam acompanhar a evolução do tumor, e os resultados promissores do uso combinado de rádio com quimioterapia permitem imaginar para parte dos casos, segundo os autores, tratamentos menos agressivos do que o adotado como padrão em boa parte do mundo: a eliminação definitiva da porção final do intestino, que exige o uso de uma bolsa externa coletora de fezes.
O convite para preparar essa revisão representou para o grupo brasileiro o reconhecimento de que Angelita tinha razão quando há quase duas décadas defendeu uma ideia ousada. Com base em sua experiência clínica, ela propôs que, em casos selecionados com muito rigor, o câncer de reto fosse tratado inicialmente com rádio e quimioterapia e que sua evolução fosse acompanhada de perto, em vez de encaminhado diretamente para a cirurgia radical. Desde 1991 o grupo coordenado por Angelita já tratou aproximadamente 700 pacientes com câncer de reto, atendidos no Instituto Angelita & Joaquim Gama, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Em pouco mais de um quarto das vezes (precisamente 28%), a terapia com medicamentos e radiação levou à regressão total do tumor.
A combinação de rádio com quimioterapia costuma ser a primeira alternativa para combater vários tipos de câncer. Mas sempre foi vista com reserva no caso dos tumores de reto, que surgem no trecho final do intestino, já próximo ao ânus, e a cada ano atingem cerca de 10 mil brasileiros. O principal argumento dos cirurgiões em favor do procedimento que elimina o reto e os tecidos ao redor era a dificuldade de saber com segurança se o tumor que havia sido eliminado das paredes do intestino persistia nos tecidos adjacentes. “Havia o temor de que estivéssemos enterrando o tumor”, conta Perez, que desde 1995 integra a equipe de Angelita.
Na visão de Angelita valia a pena correr certo risco a fim de evitar a amputação do reto e tentar melhorar a qualidade de vida do paciente. “Tive a felicidade de ser treinada em um grupo de cirurgiões que sempre fez o possível para preservar os órgãos”, conta a cirurgiã, a primeira mulher a fazer residência em cirurgia geral no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 1958. De início, nem a equipe brasileira imaginava que as sessões de rádio e quimioterapia fossem suficientes para eliminar o câncer por completo, o que começou a ficar evidente quando passaram a observar que em parte dos casos não havia mais vestígios de células tumorais.
“Senti remorso das vezes em que extraímos o reto e não encontramos mais sinal do tumor”, conta Angelita. Na época havia na Faculdade de Medicina da USP um intercâmbio com pesquisadores de Pittsburgh, que sugeriram que o grupo brasileiro iniciasse um estudo comparativo das duas estratégias feito de modo randomizado, em que os pacientes são selecionados por sorteio para integrar um grupo ou outro. “Fui contra e isso nos prejudicou do ponto de vista científico”, conta Angelita. “Não aceitei fazer amputação de reto e colostomia [instalação da bolsa coletora de fezes] definitiva nos casos em que pudesse ser desnecessário.”
Não foi fácil convencer os estrangeiros de que poderia haver alternativa à cirurgia radical. Quando apresentou seus primeiros resultados em 1997, em um congresso internacional de cirurgia de colo e reto na Filadélfia, nos Estados Unidos, Angelita ouviu do coordenador da mesa: “Câncer de reto é coisa séria. Esse trabalho não merece ser discutido”. Até então, a associação de quimioterapia e radioterapia só era adotada após a extração do tumor para diminuir o risco de ressurgimento, que ocorria em até 40% dos casos depois da operação. Mas os resultados não eram satisfatórios. “É diferente tratar um tecido íntegro e bem oxigenado daquele que passou pelo processo de cicatrização e fibrose depois da cirurgia”, explica Perez.
O resultado melhorou. A estratégia foi eficiente em 65% dos casos. Segundo artigo publicado em 2009 na revista Diseases of the Colon and Rectum, eliminou o tumor de 19 dos 28 pacientes que concluíram o tratamento – essas pessoas continuavam livres do câncer um ano mais tarde.
Apesar do avanço, a adoção ampla dessa estratégia de tratamento ainda não é consensual. O médico Rob Glynne-Jones, do Centro de Tratamento do Câncer Mount Vernon, na Inglaterra, acredita que sejam necessárias mais evidências de que o uso de radiação e quimioterapia antes da cirurgia para tratar o câncer de reto seja de fato efetivo. Em estudo publicado em 2008 na revista Diseases of the Colon and Rectum, ele e outros pesquisadores avaliaram cerca de 240 testes clínicos de fase 1, 2 e 3 feitos em diferentes países e concluíram que as informações disponíveis ainda não permitiam apoiar essa estratégia para todos os casos. “Em nossa visão, [as evidências] ainda não são robustas o suficiente para colocar em risco o bem-estar de um paciente jovem, embora possa se justificar para tratar tumores em estágios iniciais de pacientes mais idosos, com comorbidades [outras enfermidades]”, escreveram Glynne-Jones e seus colaboradores.





quarta-feira, 13 de junho de 2012

Fitoplâncton debaixo do gelo Ártico

Uma grande quantidade de fitoplâncton foi descoberta debaixo do gelo do Ártico. O que impressionou especialista, uma vez que os organismos ficam abaixo de camadas de gelo, o que impede a absorção de luz, necessária à realização de fotossíntese. E também chamou a atenção dos pesquisadores a grande quantidade de organismos encontrada, que ocupava uma área equivalente a 100 quilômetros de diâmetro e 30 metros de profundidade. Os resultados do estudo, realizado em julho do ano passado no mar de Chukchi, entre o Alasca e a Sibéria, foram publicados na última quinta-feira, 7 de junho, na revista Science.
Para encontrá-los, os cientistas fizeram perfurações nas placas geladas no gelo e usaram câmeras de filmagem. E os autores do estudo não sabem ao certo quando e de que forma essa grande massa de fitoplâncton se proliferou debaixo das plataformas de gelo, mas eles acreditam que ela pode estar sendo ampliada pelo aquecimento global. O aumento da temperatura faz com que as placas de gelo derretam e sofram redução na espessura, permitindo maior passagem de luz.
A surpresa pela descoberta deve-se ao fato de que os cientistas acreditavam, até então, que o clima frio do Ártico não oferecia condições para o florescimento desses organismos. "Como os tomates em uma horta, todo fitoplâncton requer luz e nutrientes para crescer", explicou Kevin Arrigo, principal autor da pesquisa. "Supunha-se que havia pouca luz debaixo do gelo e não esperávamos ver muitas destas algas".
Arrigo disse que a descoberta provocou uma mudança fundamental na compreensão do ecossistema do Ártico, que era considerado frio e desolado. "Esta pode ser a maior concentração de fitoplâncton do mundo", afirmou. Ele se surpreendeu com o fato de que esses fitoplânctons cresceram sob uma camada de gelo marinho tão grossa quanto a altura de uma criança de cinco anos. Esta descoberta sugere que o Oceano Ártico é mais produtivo do que se acreditava: os autores chegam a falar em uma produção biológica dez vezes maior do que se pensava.
Próximos passos — Entre as questões que os autores deixaram sem resposta, está o impacto que o aumento dos fitoplânctons provoca no ecossistema local, já que aqueles organismos são a base da cadeia alimentar marinha. Os cientistas esperam também conseguir medir a absorção de gás carbônico (CO2) na região, já que os fitoplânctons utilizam esse gás no processo de fotossíntese.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Processo celular pode indicar metástase em câncer


Uma pesquisa internacional publicada nesta semana (dia 27) na revista Nature Medicine, com a participação de pesquisadores brasileiros do Hospital A.C. Camargo, poderá ajudar a descobrir biomarcadores de disseminação de câncer, a metástase. Esses marcadores podem ser usados para detectar as metástases em estágio ainda muito inicial ou serem usados para o desenvolvimento de drogas que impeçam o desenvolvimento da doença. A chave para essas futuras aplicações está nos exossomos, pequenas vesículas liberadas pelas células do corpo, inclusive as tumorais. Os pesquisadores conseguiram identificar proteínas presentes em exossomos provenientes de células de melanoma, o mais grave entre os tipos de câncer que atingem a pele, que participam do processo metastático desses tumores.
Todas as células do corpo liberam de modo controlado essas minúsculas vesículas que têm seu conteúdo solúvel recoberto por uma membrana semelhante à celular. Essas vesículas carregam proteínas e material genético como RNA mensageiro e microRNA. Depois de liberadas pelas células, as microvesículas podem circular pelo corpo por meio do sangue ou do sistema linfático.
Segundo o atual estudo, liderado por David Lyden do Weill Cornell Medical College, localizado nos Estados Unidos,  as células tumorais liberam exossomos que seguem até a medula óssea. Ali, eles recrutam células e as educam para participar do processo de metástase. “Essas células ‘educadas’ migram para um órgão específico do corpo e o prepara para receber as células tumorais que formarão a metástase”, conta a bioquímica Vilma Martins, pesquisadora do Hospital A.C. Carmargo, uma das autoras do trabalho. Ainda não se sabe como é escolhido o órgão onde as metástases se instalarão. “Pode ser que as vesículas também contenham essa informação”, completa a bioquímica.
Além de circular pelo sangue, os exossomos podem estar presentes em líquidos secretados pelo corpo como urina e saliva. Por isso, a presença das vesículas nesses fluidos serviria como um biomarcador relevante sobre o processo de metástase.
O próximo passo dos pesquisadores será identificar os componentes das microvesículas liberadas por vários tipos de tumores e de que forma esse conteúdo participa do processo tumoral e metastático. “Essa é uma área da biomedicina que tem crescido nos últimos anos e deve trazer resultados muito relevantes não apenas no entendimento e no tratamento do câncer, mas também de outras patologias como as doenças neurodegenerativas e cardiovasculares”, ressalta Vilma.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Vaca clonada na Argentina começa a produzir leite similar ao materno


Uma vaca clonada por cientistas argentinos com genes bovinos e humanos começou a produzir leite similar ao materno como forma de contribuir na luta contra a mortalidade infantil, informou nesta segunda-feira, 11, a universidade responsável pelos estudos.

Pesquisadores da Universidade Nacional de San Martín (Unsam) e do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) inseriram dois genes humanos codificadores de duas proteínas presentes no leite humano em "Issa", uma vaca clonada no ano passado.

As proteínas são lactoferrina e a lisozima, incorporadas no DNA da vaca, também conhecida como "Rosinha". "Esta é uma maneira de contribuir com a luta contra a mortalidade infantil, já que uma proteína permite evitar doenças infecciosas do aparelho digestivo e evitar anemia nos recém-nascidos", explicou o reitor da Unsam, Carlos Rota.

De acordo com o investigador Germán Kaiser, do Grupo de Biotecnologia da Reprodução do INTA, a pesquisa não pretende substituir o vínculo mãe-filho durante a lactação, mas é destinada aos bebês que, por distintas razões, não têm acesso ao leite de suas mães, acrescentou.

Os cientistas conseguiram assim incluir na vaca transgênica dois genes humanos no genoma bovino, o que permitiu que as duas proteínas estivessem presentes na glândula mamária durante a amamentação, indicou a universidade.

"Issa", nascida em abril de 2011 no INTA, foi apresentada em junho do ano passado pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Na ocasião, Cristina garantiu que a vaca se transformaria na "primeira no mundo capaz de produzir leite materno".

Argentina entrou no clube da clonagem destinada a criar vacas transgênicas com fins medicinais em agosto de 2002, com o nascimento de "Pampa", fruto de uma clonagem realizada por analistas do laboratório local Bio Sidus com o intuito de obter leite bovino com a proteína de crescimento humano "hGH".

Os descendentes de "Pampa", a primeira bezerra clonada na América Latina, produzem leite do qual é extraída essa proteína para produzir remédios para crianças com problemas de crescimento com menor custo.

Nos últimos anos, cientistas argentinos clonaram cavalos e touros a fim de obter exemplares de melhor rendimento.

sábado, 9 de junho de 2012

Nanopartículas inibem 100% de metástases linfáticas em ratos

Segundo uma equipe de estudos formada por cientistas da Universidade de Navarra em colaboração com o Centro de Pesquisa do Câncer de Salamanca, espanhóis descobriram uma forma promissora de tratamento com nanopartículas que inibe 100% das metástases linfáticas em ratos com linfoma de manto.
O tratamento consiste em nanopartículas lipídicas carregadas do fármaco anti-tumoral edelfosina, que é administrado via oral. Estas nanopartículas permitem que o fármaco seja ativado somente nas regiões selecionadas afetadas, destruindo as células tumorais, e, garantem o efeito liberativo de maneira sustentada, se acumulando nos gânglios linfáticos.
O fármaco apresenta baixa toxicidade e por seu meio de administração via oral e não intra venoso como é o caso da quimioterapia, o paciente não precisaria ficar hospitalizado.
A comprovação da eficácia desses nanossistemas terapêuticos foi através de  testes em ratos com linfoma de manto, uma doença atualmente incurável e cuja evolução é variável em cada paciente, embora a média de sobrevivência seja de três a quatro anos.
As nanopartículas do fármaco têm a mesma eficácia de efeito terapêutico quando são administradas a cada quatro dias que o fármaco convencional diário. Além disso, a capacidade antimetastática das nanopartículas com edelfosina é de 100%, enquanto a do fármaco convencional é de 50%.
Estes resultados permitem uma vasta ampliação no campo de visão e na pesquisa e desenvolvimento de novas formas eficazes e seguras no tratamento do câncer.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Mapa do genoma do feto pode ajudar a detectar doenças


Um detalhado mapa do genoma de um feto, obtido através de uma amostra de sangue da mãe e da saliva do pai, poderá ajudar a uma melhor detecção de uma série de raros problemas no bebê, revela uma pesquisa americana publicada nesta quarta-feira, 06 de junho.
Este método não invasivo foi considerado mais seguro que a obtenção de líquido amniótico, o processo usual para efetuar testes destinados a detectar problemas genéticos, como a presença de três cópias do cromossoma 21, responsável pela trisomia 21 ou Síndrome de Down.
A sequência do genoma do feto permitirá detectar um maior número de variações genéticas de forma mais detalhada, explicaram os autores desta pesquisa divulgada na revista americana Science Translational Medicine.
Apesar de estudos anteriores terem mostrado que o genoma do feto apenas podia ser obtido com sangue da mãe, a última pesquisa oferece uma visão mais precisa ao incorporar DNA materno e paterno, afirmam os autores do estudo.
O resultado é uma visão mais clara das sutis variações no genoma do feto detalhada ao nível de "uma mudança da letra no DNA", afirmou o estudo.
O avanço poderá ajudar os cientistas a identificar 3.000 doenças genéticas, conhecidas como desordens mendelianas, que afetam 1% dos recém-nascidos.
Estas incluem a doença de Huntington, a síndrome de Marfan, a retinoblastoma, a fibrose quística e uma forma de doença de Alzheimer.
"Este trabalho abre a possibilidade de que possamos escanear o genoma completo do feto para buscar mais de 300 desordens monogênicas utilizando um simples teste não invasivo", afirmou Jay Shandure, professor associado de ciências de genoma na Universidade de Washington.
No entanto, advertiu que são necessários mais estudos para aproveitar totalmente o potencial e a capacidade desta nova técnica antes de colocá-la à disposição do público em geral.
"Apesar da predição não invasiva do genoma fetal ser agora tecnicamente possível, sua interpretação, inclusive para desordens mendelianas de um só gene, continuará sendo um grande desafio", completou.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Molécula Reverte Processo de Insuficiência Cardíaca



     Uma molécula desenvolvida em parceria de pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, com cientistas da USP, mostrou-se capaz de estabilizar e até mesmo reverter o processo degenerativo observado na insuficiência cardíaca.
    O mal torna o coração incapaz de bombear o sangue adequadamente e leva à morte 70% dos afetados nos primeiros cinco anos. "A insuficiência cardíaca é o resultado final comum de diferentes doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e hipertensão arterial. Depois que o problema se instala, a sobrevida do paciente costuma ser relativamente curta, mesmo com a ajuda de todos os fármacos do mercado", disse Júlio Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
       Ferreira encontrou evidências de que a proteína PKCBeta II poderia ser a vilã por trás do processo que leva à insuficiência cardíaca. Para testar sua hipótese, criou uma molécula que inibiu a ação dessa proteína nas células do coração. A equipe então testou a molécula em 2 grupos de cobaias.
        No primeiro deles, ratos passaram por uma cirurgia para obstruir uma artéria coronária e induzir o infarto. Cerca de um mês depois, os animais apresentaram sinais de insuficiência cardíaca. Metade foi tratada com a nova molécula e a outra metade recebeu placebo. Depois de seis semanas, a mortalidade dos animais tratados caiu de 35% para 3%, e a função cardíaca deles melhorou cerca de duas vezes quando comparados com o grupo controle.
        O segundo experimento foi feito com ratos com grande sensibilidade ao sódio. Com seis semanas de vida, os animais foram submetidos a uma dieta rica em sal e, logo em seguida, desenvolveram hipertensão. Quando completaram 11 semanas, estavam com sinais de insuficiência cardíaca. Depois do tratamento, os que receberam a molécula obtiveram uma melhora duas vezes maior do que o grupo controle. A mortalidade caiu de 50% para 0%.
      Para provar que também em humanos a proteína desempenha papel decisivo no agravamento da insuficiência cardíaca, os pesquisadores avaliaram amostras de biópsia cardíaca de portadores desse problema. "A relação foi clara: quanto mais altos eram os níveis da proteína, pior era a função cardíaca dos pacientes", contou Ferreira.
         Para piorar, o coração com insuficiência torna-se um ambiente pró-oxidante, ou seja, no qual está favorecida a produção de radicais livres e outras substâncias tóxicas que danificam as proteínas e outras macromoléculas da célula. "Como há aumento na produção de proteínas oxidadas e o controle de qualidade está desregulado, elas começam a se acumular e a impedir que as células cardíacas contraiam de forma apropriada. Com o tempo, o coração vai deixando de bater adequadamente e as células começam a morrer", disse Ferreira.
         Antes de testar a novidade em seres humanos, os pesquisadores pretendem realizar outra rodada de ensaios pré-clínicos com animais de maior porte, possivelmente porcos.  Assim, se tudo correr bem, daqui alguns anos saberá com certeza se ela poderá se tornar um medicamento, revertendo a insuficiência cardíaca.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Uso de maconha para tratamentos médicos pode funcionar


Estudos na Universidade Hebraica de Jerusalém têm desenvolvido um tipo de maconha medicinal, em que a substância chamada THC - responsável pelos efeitos psicológicos e cognitivos - é neutralizada. De acordo com a especialista em imunologia da universidade, Ruth Gallily, outra substância muito importante da cannabis, o Canabidiol (CBD), tem propriedades "altamente benéficas e significativas" para quem sofre de artrite reumatóide, doença de Crohn e diabetes.

Em entrevista à BBC Brasil, Gallily, que estuda há 15 anos o uso medicinal da maconha, disse que o CBD "não gera qualquer fenômeno psicológico ou psiquiátrico e reprime reações inflamatórias, sendo muito útil para o tratamento de doenças autoimunes", todos os experimentos realizados, com sucesso, in vitro e em ratos do laboratório da Universidade Hebraica. De acordo com ela, que também é professora da Faculdade de Medicina, o índice de mortalidade em consequência de diabetes tipo 1 ou tipo 2 foi reduzido, nos animais, em 60%.

"Constatamos em nossas experiências que o CBD leva à diminuição significativa e muito rápida do inchaço em consequência da artrite", afirmou a pesquisadora, que também confirmou que o uso de cannabis em pacientes idosos que sofrem de artrite reumatóide pode melhorar muito a qualidade de vida deles, gerando efeitos maravilhosos. Também afirma que remédios à base de Canabidiol seriam muito mais baratos que medicamentos tradicionais no tratamento dessas doenças.

Em Israel, a empresa Tikkun Olam obteve a licença do Ministério da Saúde para desenvolver a maconha medicinal e cultiva variedades da planta em estufas. De acordo com o diretor de pesquisa da empresa, Zachi Klein, milhares de israelenses já são tratados com cannabis, com prescrição médica autorizada pelo Ministério da Saúde. De acordo com Klein, a empresa ainda busca desenvolver novos tipos de maconha, com proporções de THC e CBD diferentes, visando o tratamento de diferentes pacientes.

Pensa-se, também, em usar a cannabis em seu estado natural, com THC, para tratar pessoas com câncer, pois pode melhorar a qualidade de vida. Klein afirmou que "há pacientes para os quais o THC é muito benéfico, pois ajuda a melhorar o estado de espírito e abrir o apetite".

O responsável pela utilização medicinal da maconha no Ministério da Saúde, Yehuda Baruch, disse que "sem o THC, a cannabis será bem menos atraente para os traficantes de drogas" e que o CBD tem significados medicinais fortes, que devem, ainda, ser examinados. Por isso, nos próximos meses, o Ministério da Saúde dará início a estudos sobre os efeitos do CBD e do THC em pacientes que sofrem de doenças crônicas.


Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 5 de junho de 2012

Novo método de análise laboratorial de hortaliças


As análises laboratoriais de hortaliças, feitas por órgãos de vigilância sanitária, nem sempre são suficientes para evitar a comercialização de verduras contaminadas com ovos e larvas de helmintos. Em dissertação defendida recentemente na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a bióloga Flaviane Matosinhos propôs uma metodologia mais eficiente para detecção desses parasitas que pode ajudar a reduzir o problema.
O melhor método entre os testados pela bióloga consiste em imergir as folhas de alface em uma solução à base do aminoácido glicina, agitar a mistura manualmente durante três minutos e deixar o líquido sedimentar por, no mínimo, duas horas. Após esse período, os sedimentos em suspensão são retirados e examinados em microscópio óptico.
Matosinhos conta que os testes foram feitos com diferentes níveis de contaminação. “Partimos de 3,3 ovos de helminto por grama de alface até chegar em 0,2.” Mesmo na menor concentração, o método escolhido teve sensibilidade (identificação correta de contaminação ou não) sempre acima de 90% – no caso de ovos de A. suum alcançou 100%. Não houve caso de falso positivo.
Além da sensibilidade, outro dado que atesta a qualidade do método é a quantidade de ovos ou larvas identificados em uma amostra contaminada. Para se ter uma ideia, de cada 100 ovos que contaminam uma folha de alface, a metodologia adotada pelo FDA, órgão do governo norte-americano responsável pelo controle de drogas e alimentos no país, é capaz de detectar apenas 10. A análise padronizada por Matosinhos chega a 62.Segundo a bióloga, amostras contaminadas e não contaminadas foram enviadas para análise por esse método em laboratórios independentes, que não tinham conhecimento da presença ou não de vermes. O índice de detecção se manteve nos mesmos níveis obtidos na UFMG.
A pesquisadora escolheu a alface nos experimentos por se tratar de uma das hortaliças mais comercializadas do Brasil. Ela explica que o modelo que padronizou pode ser utilizado para outras hortaliças, mas, para isso, é preciso realizar testes específicos. “Fizemos testes com rúcula e os resultados foram similares, mas, dependendo do vegetal utilizado, os efeitos podem não ser os mesmos”, diz.
Estudo publicado em 2003 no periódico Trends in Parasitology estima que no mundo haja mais de 2,7 bilhões de pessoas infestadas com helmintos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Alimentos antimicrobianos


Produtores de alimentos podem encontrar na própria indústria alimentícia alternativas para ajudar a evitar a contaminação de seus produtos por bactérias. Pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP) mostra que a erva-mate e resíduos da agroindústria, como bagaços de goiaba, sementes de uva, películas de amendoim e talos de beterraba, têm forte ação antimicrobiana.
“A ideia de analisar restos da indústria alimentícia surgiu da preocupação em estimular o reaproveitamento desse material”, conta o biólogo José Guilherme Prado Martin, que realizou a pesquisa em seu mestrado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. Ele explica que, embora a erva-mate em si não seja um resíduo, sua produção para preparo de chimarrão, por exemplo, gera sobras, que provavelmente também contêm os antimicrobianos naturais. “Os resíduos da produção de chimarrão serão analisados em meu doutorado”, diz.
Para avaliar o potencial antimicrobiano da erva-mate e dos restos de alimentos, o pesquisador inicialmente isolou os compostos fenólicos de cada material. Estudos anteriores já confirmavam que essas substâncias, presentes em todas as espécies vegetais, atuam contra microrganismos como parte do sistema de defesa da planta.Martin ressalta que uma das consequências do descarte inadequado desses resíduos agroindustriais é o aumento de matéria orgânica em corpos d’água, o que diminui a quantidade de oxigênio disponível e pode causar a morte de parte da fauna desses ambientes e desencadear um desequilíbrio ecológico.
Inicialmente, os materiais foram secos e triturados e depois adicionados a um solvente – etanol ou metanol – diluído em água. Em seguida, essa mistura passou por um processo de evaporação e, após quatro dias, deu origem a um extrato em pó contendo somente os compostos antimicrobianos. Segundo Martin, o processo rende aproximadamente 150 gramas de pó para cada quilo de resíduo seco.

Cada um dos extratos foi testado em culturas de quatro diferentes bactérias:Staphylococcus aureusSalmonella Enteritidis, Listeria monocytogenes e Escherichia coli. Esses microrganismos costumam contaminar alimentos como ovo, carne, frango, leite, queijo e sorvete e, em geral, provocam diarreia, vômito, desidratação e febre em quem os ingere. 
A pesquisa revelou que talos de beterraba, películas de amendoim, bagaço e sementes de uva Petit Verdot, borra de fermentação de uvas vermelhas e bagaço de goiaba impedem a proliferação das bactérias Staphylococcus aureus e Listeria monocytogenes. Em concentrações mais elevadas, os extratos também podem matá-las.
Já a erva-mate tem ação antimicrobiana não apenas contra essas duas bactérias, mas também contra Salmonella Enteritidis. Nenhum dos extratos testados foi eficaz contraEscherichia coli.
 “O problema de colocá-los diretamente no alimento é alterar a sua composição, cor e aparência”, argumenta o biólogo, que também está trabalhando nisso em seu doutorado. Segundo ele, uma alternativa viável seria inserir os extratos nas embalagens.Entre os alimentos avaliados, a película de amendoim foi o que apresentou a maior concentração de compostos fenólicos. “Logo, seus resultados na inibição e destruição das bactérias avaliadas foram mais efetivos”, conclui Martin. A menor concentração de substâncias antimicrobianas estava presente no bagaço de goiaba.
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